Os insectos conseguem separar as células cancerígenas das saudáveis através do cheiro e também distinguem diferentes tipos de cancro.
Depois de se os nossos melhores amigos de quatro patas se terem revelado úteis na luta contra o cancro, é agora a vez de os gafanhotos se juntarem aos cães nesta lista dos nossos aliados no mundo animal.
Um novo estudo que ainda não foi revisto por pares mas já está disponível na BioRxiv concluiu que os ganhafotos conseguem distinguir as células humanas saudáveis das cancerígenas graças ao seu faro apurado — e isto pode ajudar-nos a detectar o cancro mais cedo, relata o Science Alert.
Mais do que isto, os insectos podem identificar linhas de células cancerígenas individuais, o que significa que conseguem decifrar o tipo de cancro em causa. Os cientistas analisam as mudanças na actividade cerebral dos gafanhotos, que demoram milissegundos, para perceberem se os animais cheiraram ou não o cancro.
Usando elétrodos ligados aos cérebros dos insectos, a equipa mediu a sua resposta a amostras de gás de diferentes células e definiu perfis relativos aos químicos que os animais cheiravam. E eis que os perfis das respostas a células saudáveis eram diferentes das respostas a células com cancro.
Este estudo em particular limitou-se a cancros na boca, mas os investigadores acreditam que as capacidades dos gafanhotos podem ser aplicadas a outros tipos de cancro. “Esperávamos que as células cancerígenas parecessem diferentes das células normais. Mas quando os insectos conseguiram distinguir três tipos diferentes de cancro, isso foi incrível“, revela o microbiólogo e co-autor, Christopher Contag.
A taxa de sobrevivência dos cancros detectados já na fase 4, quando o tumor se espalhou para outras partes do corpo, oscila entre os 10% e os 20%. Quando são diagnosticados na fase 1, os pacientes com cancro já têm uma probabilidade de sobreviverem entre os 80% e os 90% — o que demonstra a importância da descoberta precoce da doença.
A equipa quer agora “hackear” os cérebros dos gafanhotos para tentar aplicar esta capacidade num contexto médico. Ainda é cedo, mas os cientistas têm esperança de criar um dispositivo que replicar este mecanismo e consiga detectar a presença de cancro apenas através da nossa respiração.