Fanático religioso e odeia o aborto. O que se sabe sobre o suspeito de matar congressista nos EUA

2

Ramsey County Sheriff's Office / Facebook

Vance Boelter

Chegou ao fim uma caça ao homem no Minnesota com a detenção de Vance Boelter, suspeito de matar a congressista Melissa Hortman. Seria um fanático religioso e tinha uma lista de políticos que apoiam o direito ao aborto.

O homem suspeito de assassinar uma congressista do Minnesota e de tentar matar um senador estadual foi detido, no domingo à noite, numa zona rural daquele estado do norte do país, anunciaram as autoridades locais.

“Após dois dias de caça ao homem e de duas noites sem dormir, as forças da ordem detiveram Vance Boelter“, anunciou o governador de Minnesota, Tim Walz, numa conferência de imprensa no domingo à noite.

Este duplo ataque a dois funcionários democratas chocou a classe política daquele estado relativamente tranquilo e causou choque entre as autoridades em todo o país, numa altura de tensão política entre Democratas e Republicanos.

Centenas de polícias encontravam-se desde sábado de manhã à procura de Boelter, acusado de se disfarçar de polícia para matar, nas respetivas casas, nos subúrbios de Minneapolis, Melissa Hortman e o marido, bem como de ter ferido gravemente o senador estadual John Hoffman e a mulher.

Embora estivesse armado, foi detido “sem se recorrer à força”, disse Jeremy Geiger, da polícia do Minnesota.

A fuga terminou no domingo à noite na localidade de Green Isle, a mais de uma hora a oeste de Minneapolis, informaram as autoridades à imprensa, acrescentando que o homem estava a ser interrogado.

Um carro ligado a Vance Boelter foi encontrado no domingo nesta zona, e cerca de uma centena de polícias, bem como meios aéreos, foram destacados para as buscas.

“Esta foi a maior caça ao homem” da história do Minnesota, disse à imprensa Mark Bruley, chefe da polícia de Brooklyn Park, cidade nos subúrbios de Minneapolis, onde Melissa Hortman e o marido foram mortos.

O senador John Hoffman, gravemente ferido com nove tiros e operado várias vezes durante o fim de semana, “está a recuperar“, acrescentou Tim Walz no domingo à noite.

O governador, companheiro de corrida de Kamala Harris nas últimas eleições presidenciais, apelou para que “este ato hediondo” não “se torne a norma”.

“Esta não pode ser a forma de resolver as nossas diferenças políticas“, acrescentou o democrata, que conhecia bem Melissa Hortman.

Este ataque ocorreu num país cada vez mais dividido, entre o envio de soldados para Los Angeles, para reprimir protestos, o desfile militar promovido pelo Presidente norte-americano, em Washington, e as manifestações anti-Trump em todo o país.

Donald Trump escapou a duas tentativas de homicídio durante a campanha eleitoral, incluindo uma durante um comício, em julho passado, na Pensilvânia.

Questionado no domingo de manhã por uma jornalista da ABC sobre a situação no Minnesota e se Trump pretendia ligar para Tim Walz, antigo adversário político, o dirigente respondeu: “É terrível. Acho que ele é um péssimo governador, completamente incompetente. Mas poderia ligar-lhe, assim como poderia ligar a outras pessoas”.

Quem é Vance Boelter e o que motivou o ataque?

Segundo amigos do suspeito, documentos públicos e os relatos das autoridades, Vance Luther Boelter, de 57 anos, vivia uma vida marcadas por alegações grandiosas, fervor religioso e instabilidade mental nos últimos tempos.

Os investigadores encontraram várias armas no local da detenção, incluindo espingardas AK-47 e uma pistola de 9 mm, bem como uma lista de políticos liberais de vários estados do Midwest, o que levanta a possibilidade de motivação ideológica.

A senadora dos EUA Tina Smith confirmou que o seu nome constava da lista e a senadora Amy Klobuchar disse no domingo estar “preocupada com todos” os líderes políticos, após este ataque.

“Havia uma ligação com o aborto, devido aos grupos” presentes na lista — incluindo clínicas de aborto, segundo os meios de comunicação — encontrada no carro do suspeito, acrescentou a responsável numa entrevista à NBC.

Melissa Hortman foi presidente da Câmara dos Representantes do Minnesota e a proteção do acesso ao aborto foi uma das suas prioridades, o que adensa as suspeitas de que esta terá sido a motivação do ataque.

Foram ainda encontrados panfletos associados ao movimento de protestos anti-Trump “No Kings”, levando ao cancelamento de manifestações previstas neste fim de semana, refere o Washington Post.

O próprio Boelter descrevia-se no seu site como diretor de uma empresa de segurança privada chamada Praetorian Guard Security Services e alegava ter experiência em zonas de conflito como a Cisjordânia e o Sul do Líbano. No entanto, o seu colega de casa e amigo de longa data, David Carlson, desmentiu essas informações, dizendo que “não tinha clientes, nem negócio”. “Ele não fazia segurança para ninguém”, afirmou.

Na realidade, Boelter trabalhava em agências funerárias e tinha regressado recentemente de África, onde alegadamente fazia evangelização em zonas de conflito. Liderava organizações religiosas pouco conhecidas e era mencionado em registos fiscais como presidente de uma entidade sem fins lucrativos chamada You Give Them Something to Eat, que não registava qualquer atividade financeira.

Apesar das suas atividades religiosas, Carlson referiu que Boelter estava diferente: “Já não estava tão alegre como costumava ser.” Em mensagens enviadas pouco antes de ser capturado, Boelter dava sinais de despedida, dizendo que poderia estar prestes a morrer e lamentava o rumo que os acontecimentos tinham tomado.

Boelter foi anteriormente nomeado por dois governadores para o Conselho de Desenvolvimento da Força de Trabalho e trabalhou em empresas como a Nestlé e a Johnsonville. Ainda assim, as autoridades continuam a investigar se atuou sozinho ou com apoio externo.

ZAP // Lusa

2 Comments

  1. O que motivou o ataque foi o facto da dr.ª Melissa Hortman ter votado ao lado do Partido Republicano para cortar a assistência médica aos Estrangeiros ilegais poucos dias antes de ser assassinada.

    • Se fores americano tens que pagar umas boas centenas de dólares por uma consulta e se caíres de paraquedas e nunca contribuintes tens acesso a borla…. Faz sentido. Tirando isso de lado vamos pregar um prego nessa pessoa doente, é contra aborto porque é o terminar de uma pessoa e considera assassinato… E vai terminar uma pessoa…. Eu digo que ele não é fanático religioso ou anti aborto, ele é uma pessoa doente mental e fanático por Trump ou o ódio dele por o partido oposto é a religião dele.

Responder a Miguel Horta Cancelar resposta

Your email address will not be published.