Mais de metade das farmácias têm menos medicamentos do que deviam. Em causa margens de lucro dos laboratórios e vulgarização de alguns produtos.
A falta de medicamentos nas farmácias é uma realidade em Portugal. O Relatório Anual da Gestão da Disponibilidade de Medicamentos mostra que, no ano passado, mais de metade das farmácias registaram falta de medicamentos.
Por “falta de medicamentos”, entende-se um período em que não é possível satisfazer a prescrição médica num período inferior a 12 horas.
Em 2025 a situação mantém-se. Aliás, quando forem publicados novos dados, o panorama ainda deverá ser pior do que em 2024.
Os produtos em que se regista maior escassez são: fármacos para a diabetes, hiperactividade e défice de atenção; além de dispositivos médicos.
Destacam-se alguns antidiabéticos, que ficam em falta durante mais tempo. Isto porque a procura aumentou desde que começaram a ser também usados para perder peso.
“Verificou-se que uma das consequências também é a diminuição do peso. Portanto, diminuir o apetite faz a pessoa diminuir peso e, portanto, todos os obesos ou muitos obesos que estão em tratamento também têm esta molécula como tratamento aconselhado. Naturalmente que irá haver escassez porque a quota de produção tinha um fim, e passou a ter dois fins“, explica a vice-presidente da Associação de Farmácias de Portugal (AFP), Manuela Pacheco.
Na Euronews, Manuela Pacheco defende que estes antidiabéticos só deveriam ter comparticipação – ou uma comparticipação diferente – se fossem prescritos por médicos da especialidade. Ou seja, evitar a prescrição abusiva destes produtos.
“Um endocrinologista que está a passar a prescrição para o seu doente que tem a diabetes e que precisa de a controlar com estes antidiabéticos tinha uma comparticipação e se for para a obesidade teria outra”, explicou.
Outro problema está relacionado com os sensores de medição de glicemia: “Temos conhecimento que esses sensores também são distribuídos e vendidos nos ginásios, porque são muitas vezes utilizados para os desportistas. Para ter uma noção do seu desempenho”. Ficam esgotados nas farmácias porque muitos sensores estão a ser usados por desportistas e clientes de ginásios para controlarem o seu desempenho desportivo.
E depois entra a questão das margens de lucro dos laboratórios: “Se tenho um laboratório, que até produz noutra parte qualquer da Europa ou da Ásia, isso vai para um mercado e vai ter uma margem, e vai para outro mercado e vai ter outra margem, naturalmente que o laboratório produz para todos – mas terá um interesse muito maior num do que noutro”.
A vice-presidente da AFP avisa que, se não houver uma revisão nos preços neste tipo de medicamentos, “isso pode diminuir a atractividade da indústria para comercializar estes produtos no nosso país”.
O Infarmed já está a verificar se os medicamentos e sensores para diabetes estão a ser usados para outras funções – e isso limita o acesso aos mesmos produtos, por parte de doentes. Quer ver se há desvios ou prescrição abusiva.
que novidade… é como o azeite… habitação… electricidade… gás… impostos… depois há aqueles que têm um prédio cheio de rendas congeladas (por imposição legal, parece que não se pode fazer o mesmo ao azeite, restante habitação e outros) a 70 euros com garagem e ainda têm que pagar IMI…