Explosão de luz detectada na Terra iniciou viagem há quase 13 mil milhões de anos

Explosão de raios gama detectada em Setembro do ano passado. O mecanismo responsável por este fenómeno não evolui com o Universo.

Primeiro, duas noções. Ou recuperação de duas noções, para quem já sabia.

O Universo terá uma idade aproximada de 13.7 mil milhões de anos. Por isso, se falarmos em 880 milhões de anos, é recuar à fase em que o Universo era uma criança a estudar na escola primária.

A segunda noção: explosões de raios gama. São explosões muito energéticas, que ocorrem em galáxias distantes.

Há pouco mais de um ano, em Setembro de 2021, foi vista na Terra uma explosão de raios gama.

Voltando à idade do Universo, esta explosão terá ocorrido há cerca de 12.8 mil milhões de anos, ou seja, quando o Universo era ainda recente.

A sua viagem até à Terra durou quase 13 mil milhões de anos – um fenómeno que levou uma equipa internacional de astrofísicos a estudar esta explosão nos meses seguintes.

A análise prolongou-se por cerca de oito meses, com auxílio do telescópio Hubble – e a equipa espera contar com a ajuda do James Webb, para aprofundar a investigação.

Os resultados foram apresentados recentemente no Astronomy & Astrophysics (A&A) e os especialistas indicam que esta explosão foi a mais distante e mais energética, entre as detectadas até hoje; e foi também a que originou um dos brilhos posteriores mais luminosos de sempre.

Mesmo tendo iniciado há tanto tempo, este fenómeno tinha propriedades muito semelhantes às explosões de raios gama mais recentes e mais próximas da Terra, causadas por explosões cósmicas.

Andrea Rossi, do Instituto Nacional de Astrofísicos de Itália, liderou esta análise, e concluiu: “O mecanismo responsável por explosões de raios gama não evolui com o Universo“.

A professora Carole Mundell acrescentou: “Como uma das mais poderosas e distantes explosões cósmicas já encontradas, esta rara explosão de raios gama junta-se a um pequeno clube de tais explosões descobertas desde o início da história do Universo – e esta é da galáxia hospedeira mais brilhante alguma vez detectada“.

“Esta descoberta dá-nos uma nova compreensão e confirmação de que as estrelas enormes – que vivem pouco e morrem de forma dura – estão a formar-se e a evoluir desde cedo no Universo“, completou Carole.

Esta explosão, a GRB 210905A, veio de um buraco negro que terá surgido do colapso catastrófico de uma estrela maciça.

Nuno Teixeira da Silva, ZAP //

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