Não evoluímos biologicamente para ver a Terra do Espaço. “Isso muda-nos”

Foi com Mário Ferreira ao Espaço em 2022. Engenheira Sara Sabry recorda viagem espacial: “como se aceita a possibilidade de morte?”.

A primeira pessoa egípcia e mulher árabe a ir ao Espaço falou sobre os desafios físicos e psicológicos que enfrentou durante as missões em que esteve envolvida.

Em 2022, Sara Sabry integrou a tripulação da missão Blue Origin NS-22, a bordo do foguetão New Shepard e ao lado do empresário português Mário Ferreira.

Durante a conferência que teve lugar nesta terça-feira, no âmbito do Web Summit Rio 2025, a engenheira recordou a sua preparação física para as missões, que incluiu treinos de força e resistência. Além do esforço físico envolvido, destacou também a influência psicológica das viagens espaciais — um tema pouco abordado e até subestimado em alguns casos, apesar de ser tão importante quanto o lado físico da experiência.

“É algo que realmente subestimamos porque não pensamos verdadeiramente na influência que ver a Terra do Espaço tem no cérebro de uma pessoa. Mas, se pensarmos bem, não evoluímos biologicamente para vivenciar algo assim. Por isso, isso tem um grande impacto na forma como vemos o mundo, muda realmente o nosso cérebro”, afirmou.

De facto, muda mesmo: os cérebros dos astronautas ficam mais lentos no Espaço. Mas para Sabry, que já trabalhava como instrutora de ioga e crossfit, a componente física não foi propriamente um problema. A vertente psicológica, por outro lado, envolveu alguns desafios pessoais, como lidar com a possibilidade de as coisas correrem mal e, até mesmo, com a morte.

“O que foi realmente novo para mim foi a parte psicológica”, disse Sara. “Como lidamos com a ideia de que as coisas podem correr mal, como aceitamos a possibilidade da morte… Como se aceita tudo isso? Isso muda-nos profundamente”, acrescentou.

Sara reforçou que, atualmente, as missões são muito mais seguras, mas ainda assim não estão totalmente isentas de risco — e, por isso, é necessária uma preparação prévia para enfrentar as possíveis intercorrências que possam surgir pelo caminho. “É realmente algo que muda completamente a nossa relação com o medo. Muda a nossa relação connosco próprios”, concluiu a astronauta.

ZAP // CanalTech

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