Cientistas confirmam eventos importantes descritos na Bíblia

Водник / Wikimedia

Reconstrução digital da antiga Jerusalém.

Um estudo utilizou a datação por radiocarbono para verificar eventos históricos significativos registados na Bíblia relativos a Jerusalém, incluindo o seu povoamento inicial, um grande terramoto e a sua destruição pelos babilónios.

O estudo, liderado por Elisabetta Boaretto do Instituto Weizmann de Ciência e publicado na revista PNAS no dia 29 de abril, apresenta uma linha temporal detalhada que se alinha com as narrativas bíblicas.

A investigação centra-se no “planalto de Hallstatt”, um período entre 770 e 420 a.C., que tradicionalmente tem colocado desafios à datação por radiocarbono devido aos seus níveis erráticos de carbono-14 causados pela diminuição da atividade solar. Esta anomalia deixou partes da história de Jerusalém pouco datadas.

Boaretto e a sua equipa abordaram esta questão analisando 103 amostras de sementes entre outros vestígios escavados em cinco locais diferentes na área da Cidade de David em Jerusalém.

Estas amostras foram depois sujeitas a um conjunto refinado de técnicas de datação por radiocarbono combinadas com métodos de microarqueologia, que examinam os sedimentos a um nível microscópico.

Segundo o Live Science, a equipa reforçou as suas descobertas correlacionando-as com dados de anéis de árvores conhecidos entre 624 e 572 a.C., contornando assim as imprecisões causadas pelo planalto de Hallstatt.

Os seus resultados apontam para o início do povoamento de Jerusalém entre os séculos XII e X a.C., uma cronologia que confirma a importância inicial da cidade, tal como descrita nos textos bíblicos. Para além disso, conseguiram documentar a expansão da cidade para oeste durante o século IX a.C.

O estudo também fornece a primeira datação científica de um terramoto referido na Bíblia, que ocorreu em meados do século VIII a.C. As provas deste acontecimento sísmico foram encontradas numa camada de pedras desmoronadas e materiais danificados, seguidos de sinais de reconstrução.

O estudo identificou ainda a utilização extensiva de alguns locais após o terramoto e antes da conquista babilónica, indicando um período de relativa estabilidade económica e política. Esta era terminou de forma dramática com um grande incêndio por volta de 586 a.C., que os investigadores associaram firmemente à invasão babilónica, tal como descrito na Bíblia e nos registos neobabilónicos.

Contudo, Israel Finkelstein, professor emérito da Universidade de Tel Aviv, que não esteve envolvido no estudo, expressou reservas sobre o contexto das amostras utilizadas. Segundo Finkelstein, apenas um punhado de amostras de um sítio entre os cinco poderia ser considerado inteiramente fiável. Além disso, salientou que as provas não se relacionam explicitamente com o terramoto documentado ou com a destruição babilónica.

ZAP //

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