De acordo com a National Diaper Bank Network, além de haver cada vez mais famílias sem possibilidades económicas para adquirir fraldas de bebé, existe neste momento uma escassez desses produtos nos Estados Unidos, provocada pela pandemia de covid-19.
Segundo um relatório do National Diaper Bank Network, uma organização que fornece fraldas às crianças nos Estados Unidos, uma em cada três famílias norte-americanas não tem possibilidades para comprar fraldas.
Joanne Samuel Goldblum, a fundadora e chefe executiva da organização, disse, em declarações ao The New York Times, que esse número terá, provavelmente, subido durante a pandemia de covid-19, à medida que os preços das fraldas aumentaram.
“A necessidade de fraldas é um tema varrido para debaixo do tapete”, disse, explicando que a pandemia o revelou.
Durante a pandemia, dois dos maiores fabricantes de fraldas dos Estados Unidos, Kimberly-Clark e Procter & Gamble, aumentaram os preços dos produtos para bebé — uma embalagem de 100 fraldas custa entre 30 e 50 dólares.
E mesmo um pequeno aumento de preço pode fazer com que várias famílias não tenham poder económico para as adquirir, visto que muitas famílias precisam de pagar cerca de 75 dólares para um mês de fraldas para um bebé, revela a National Diaper Bank Network.
Além disso, para aqueles com possibilidades económicas, as lojas nem sempre têm stock de fraldas.
Amanda Trussell, mãe de um bebé de dois anos, contou ao New York Times que já era difícil encontrar fraldas à venda na zona onde mora, em Junction City, no Kansas, antes do início da pandemia. Mas, agora, as prateleiras estão ainda mais vazias.
“A certa altura, fomos a três ou quatro lojas diferentes para encontrar uma embalagem e tivemos de nos contentar com um tamanho maior porque não havia nenhuma no tamanho certo” para o bebé, explicou.
Recentemente, vários bancos de fraldas nos Estados Unidos relataram um aumento do número de famílias que não conseguem comprar fraldas. O WestSide Baby, por exemplo, distribuiu 2,4 milhões de fraldas no ano passado, um aumento de 60% relativamente a 2019 — e este ano poderá ser ainda pior, disse Sarah Cody Roth, diretora executiva da organização.
Muitos bancos dão às famílias 50 fraldas por mês, o que cobre cerca de duas semanas e, muitas vezes, não é suficiente, disse Cathy Battle, diretora executiva do Banco de Fraldas da Pensilvânia Ocidental.
Megan V. Smith, diretora sénior de transformação da saúde da comunidade na Associação Hospitalar de Connecticut, explicou ao jornal norte-americano que a falta de fraldas pode prejudicar seriamente a saúde física e mental de uma família, até porque muitos pais se sentem prestadores de cuidados ineficazes.
“Se temos de nos preocupar com onde vamos buscar a próxima fralda, não nos podemos concentrar em cantar, ler e brincar com o nosso filho”, continuou.
Muitas creches exigem ainda que os pais forneçam fraldas suficientes para o dia-a-dia dos seus filhos, o que faz com que os pais que não conseguem comprar fraldas faltem ao trabalho para cuidar do filho. Isto faz com que estes pais tenham ainda menos dinheiro para as fraldas, sublinhou Smith.
Nos Estados Unidos, o governo não fornece financiamento para fraldas, essa medida fica a cargo de cada estado: a Califórnia lidera o país nos esforços de financiamento de fraldas, não tributando o produto e oferecendo reembolsos de fraldas aos pais que participam no CalWorks, um programa de assistência social.
Mas isso poderá estar prestes a mudar, se o Congresso aprovar o End Diaper Need Act de 2021, que tem como objetivo conceder dinheiro a serviços sociais que apoiam famílias com baixos rendimentos e adultos com deficiência.
O assunto foi trazido ao de cima graças a um caso que se tornou viral nos Estados Unidos, reporta o New York Times.
No mês passado, um homem foi filmado a sair de um hipermercado em Winter Haven, na Florida, sem pagar pelos artigos — entre os quais estavam várias embalagens de fraldas —, depois de vários dos seus cartões de crédito terem sido recusados.
“Alguém o reconhece?”, perguntaram as autoridades locais no Facebook, juntamente com com fotos que mostravam o homem a sair do Walmart.
“Quando o seu cartão é recusado e tenta outro com o mesmo resultado, NÃO é permissão para simplesmente sair com os artigos”, lia-se ainda na publicação, que foi apagada entretanto.
O Departamento de Polícia de Winter Haven foi rapidamente criticado por estar à procura de um homem que tinha roubado bens de primeira necessidade para os seus filhos, também fotografados nas fotos de vigilância.
“É um bom pai numa situação difícil”, disse um utilizador do Facebook, em resposta à publicação.
Após o incidente, a loja pediu à polícia para não processar o homem.