EUA abrem milhares de arquivos secretos sobre o assassinato de JFK

Walt Cisco, Dallas Morning News / Wikimedia

O presidente dos Estados Unidos, John F. Kennedy, em Dallas, em 1963, na sua limousine ao lado da mulher, Jackie, poucos minutos antes de ser assassinado.

Pela primeira vez, a Casa Branca determinou a liberação de milhares de documentos na íntegra sobre o assassinato do presidente dos Estados Unidos John F. Kennedy (1917-1963).

Segundo a Casa Branca, com a publicação de 13.173 arquivos na internet, que representam mais de 97% dos registos sobre o caso, agora estão disponíveis ao público.

Não são aguardadas grandes revelações vindas do arquivo libertado, mas os historiadores esperam ter mais detalhes sobre o dia da morte de Kennedy.

O presidente americano foi baleado enquanto desfilava num carro aberto durante uma visita a Dallas, no Texas, em 22 de novembro de 1963.

Uma lei de 1992 exigia que o governo libertasse todos os documentos sobre o assassinato de Kennedy até outubro de 2017.

Na quinta-feira (15/12), o presidente Joe Biden emitiu uma ordem executiva que autorizou a sua divulgação.

Mas Biden frisou que alguns arquivos seriam mantidos em sigilo até junho de 2023 para evitar que a identificação de alguns dados pudesse trazer prejuízos para o setor militar e de inteligência dos Estados Unidos.

Os Arquivos Nacionais dos EUA informaram que 515 documentos permaneceriam totalmente retidos e outros 2.545 documentos seriam divulgados parcialmente.

A Comissão Warren, investigação realizada em 1964, concluiu que Kennedy foi morto por Lee Harvey Oswald, um cidadão americano que já tinha vivido na União Soviética, e que ele agiu sozinho. Oswald foi morto no porão da sede da polícia de Dallas dois dias após a sua prisão.

Encontro com a KGB no México

A morte de JFK gerou décadas de teorias da conspiração, mas na quinta (15/12) a CIA, a agência de inteligência americana, disse que nunca teve contato com Oswald e não ocultou informações de investigadores.

Especialistas no assunto esperavam que a última liberação de documentos revelasse mais informações sobre as atividades de Oswald na Cidade do México, onde ele se encontrou com um oficial da KGB, a agência de inteligência soviética, em outubro de 1963.

A CIA disse que todas as informações que tinha sobre a viagem de Oswald ao México já foram divulgadas. “Não há novas informações sobre esse tópico nesta divulgação [de arquivos] de 2022″.

Mas a Fundação Mary Ferrell, uma organização sem fins lucrativos que entrou com uma ação para exigir que o governo libertasse os arquivos, afirmou que a CIA estava a bloquear a divulgação de informações sobre a passagem de Oswald pelo México.

A fundação disse que alguns registtos feitos pela CIA nunca foram acrescentados aos arquivos e, portanto, não faziam parte do lote de documentos que acabou de ser libertado.

Um documento que veio a público recentemente mostra que o presidente do México ajudou os EUA a colocar uma escuta telefónica na embaixada soviética no México sem o conhecimento de outras autoridades do governo mexicano.

Esse dado foi ocultado em versões do arquivo divulgadas anteriormente, relata a CBS News.

Maior compreensão

A Casa Branca disse que a divulgação dos arquivos forneceria ao público um entendimento melhor sobre as investigações acerca da morte de JFK.

O presidente Biden escreveu em sua decisão que “as agências empreenderam um esforço abrangente para rever o conjunto completo de quase 16 mil registos que haviam sido divulgados anteriormente de forma editada e determinaram que mais de 70% desses registos podem agora ser divulgados na íntegra”.

O governo Trump libertou milhares de documentos ao longo do seu mandato, mas reteve outros com a justificação de que precisaria preservar a segurança nacional, apesar da lei de 1992 exigir a divulgação de todas as informações até 2017.

Em outubro de 2021, Biden libertou cerca de 1,5 mil documentos, mas disse que manteria outros fora do conhecimento do público.

Philip Shenon, ex-repórter do jornal The New York Times e autor do livro A Cruel and Shocking Act: The Secret History of the Kennedy Assassination, (Um Ato Cruel e Chocante: A História Secreta do Assassinato de Kennedy, em tradução livre) diz que os novos arquivos podem esclarecer se o governo tinha conhecimento das intenções de Oswald.

“Suspeito que possa haver informações nesses documentos que sugerem que outras pessoas sabiam antes do assassinato que Lee Harvey Oswald era um perigo e que ele pode ter falado abertamente sobre a sua intenção de matar o presidente”, disse à BBC News.

“E a questão sempre foi se as agências do governo, a CIA e o FBI [a polícia federal dos EUA], tinham alguma ideia de que esse homem era um perigo para o presidente Kennedy e, se tivessem agido com base nessa informação, poderiam ter salvado o presidente?”

ZAP // BBC

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