Estudo conclui que cães reconhecem as palavras, mesmo quando ditas por estranhos

Adrienne Mountain / Flickr

Os cães podem reconhecer certas palavras, mesmo que pronunciadas por desconhecidos, uma pré-disposição para a compreensão da linguagem que se acreditava ser exclusiva dos humanos, revela um estudo divulgado esta quarta-feira na Royal Society.

Como noticiou o Sapo 24, já era sabido que os cães domésticos compreendem ordens simples e são capazes de reconhecer vozes humanas familiares que pronunciam frases conhecidas, mas não se sabia que percebem a palavra humana e a sua fonética.

Uma equipa da universidade britânica de Sussex realizou uma experiência com 70 cães domésticos, de diferentes raças, que escutaram sílabas, sem sentido para eles, pronunciadas por desconhecidos: 13 homens e 14 mulheres.

Ao observar a reação dos cães a diferentes estímulos sonoros (pelo método conhecido como “habituação-desabituação”), os investigadores descobriram que os animais reconhecem termos como “hid”, “had” e “who’d”, pronunciados por diferentes pessoas.

Isto revela que conseguem “generalizar os fonemas, independentemente das pessoas que os pronunciam”, explicou à France Presse David Reby, professor de etologia da universidade francesa de Lyon Saint-Etienne e um dos autores do estudo.

“Até o momento pensava-se que esta capacidade de categorizar as palavras, sem treino prévio, era exclusiva dos humanos. Mas achamos que não é o caso”, acrescentou Holly Root-Gutteridge, da Universidade de Sussex, outra autora do estudo.

“Este tipo de reconhecimento de fonemas é um pré-requisito do idioma, já que para se falar é preciso ser capaz de identificar uma mesma palavra através de diferentes locutores”, destacou.

O estudo sugere que os cães conseguem, através de certas palavras – sem sentido para eles (“heed”, “heard”, “hood”…) – detetar a voz das pessoas que não conhecem. “São, portanto, capazes de formar muito rapidamente uma representação da voz”, outro pré-requisito para compreender a palavra, frisou David Reby.

Outros animais, como as chinchilas ou os ratos, já haviam apresentado capacidades semelhantes, mas com um treino prévio.

“É a primeira vez que conseguimos estes resultados de maneira espontânea”, indicou ainda Holly Root-Gutteridge.

ZAP //

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