Duas proto-estrelas “gémeas” estão a produzir moléculas orgânicas enquanto orbitam um centro de gravidade em comum. O processo pode, futuramente, formar blocos de construção da vida.
Os astrónomos encontraram o sistema estelar binário nos primeiros estágios de formação, envolvido num disco de gás e poeira. A imagem foi obtida em sinais de rádio com o observatório Atacama Large Millimeter/submillimeter Array (ALMA) no Chile.
Próximos às estrelas bebés, chamadas IRAS 16293-2422 A, existem três aglomerados de poeira aquecida pela dinâmica das órbitas do sistema. Num estudo recente, María José Maureira e os seus colegas mostram que estas regiões são aquecidas pelas protoestrelas e por ondas de choque.
As tais ondas de choque são semelhantes àquelas produzidas por um avião em velocidade supersónica e ajudam a enriquecer o gás do disco com moléculas mais complexas. Isso ocorre devido à colisão das estrelas com a poeira circundante.
Separadas por apenas 54 unidades astronómicas (pouco mais que a distância entre o Sol e Plutão), as estrelas exercem grande influência gravitacional uma à outra. As simulações sugerem que essa interação orbital pode produzir ondas de choque poderosas e rápidas no disco de gás e poeira no qual elas “nadam”.
Além disso, o sistema IRAS 16293-2422 A ainda se está a alimentar do material do disco, atirando também parte do gás e poeira para longe, formando ainda mais ondas de choque no disco.
Quanto mais as ondas de choque passam pela nuvem do disco, mais o gás se comprime e aquece. O resultado é a criação das condições necessárias para a formação de moléculas orgânicas, como o ácido isociánico — a combinação mais simples possível de hidrogénio, azoto, carbono e oxigénio.
Isto significa que o sistema binário, antes mesmo de formar planetas à volta das estrelas, já está a “semear” o seu ambiente com moléculas fundamentais para a vida. Além disso, os investigadores disseram que as altas temperaturas nas ondas de choque “podem alterar como as partículas de poeira se unem, alterando o quão cedo pode ocorrer a formação de núcleos planetários”.
O estudo foi publicado no Astrophysical Journal Letters.
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