Estamos mais perto de curar a cegueira do que imaginamos

Os investigadores ainda não descobriram como transformar água em vinho, mas fizeram progressos significativos na cura da cegueira.

Embora consideremos que a cura para a cegueira possa estar num futuro mais distante, já está quase aqui. Os cientistas identificaram uma variedade de métodos legítimos para curar a cegueira, noticia o Inside Hook.

O progresso destes estudos também chega em boa altura, tendo em conta que os Institutos Nacionais de Saúde previram, há alguns anos, que o número de pessoas com deficiência visual ou cegueira nos Estados Unidos iria “duplicar para mais de 8 milhões até 2050”.

Este número, no entanto, não inclui os muitos milhões com problemas de visão “corrigidos”, tais como a miopia ou a clarividência.

De acordo com a Freethink, os três modos de tratamento que, atualmente, são mais promissores, são os olhos biónicos, o transplante de células estaminais e a terapia genética. Mas como é que cada um deles funciona?

Os olhos biónicos envolvem uma interação elétrica entre um par de óculos com uma câmara ligada e um implante perto da parte de trás do olho. O implante recebe informação dos óculos, e depois transmite ao cérebro.

Este sistema não produz imagens. Interpola luz, movimento, superfícies e cantos, para dar à pessoa com deficiência visual a capacidade de se mover livremente. Por muito imperfeito que possa parecer, é uma melhoria radical da sua condição.

Existe alguma tecnologia promissora (Pixium Vision, Phoenix99), mas os olhos biónicos, embora eficazes, requerem atualizações e manutenção.

Se uma empresa abandona a tecnologia — o que aconteceu com o laboratório Second Sight — os clientes ficam com equipamento ultrapassado e obsoleto implantado nos seus crânios.

As células estaminais, aquela dor de cabeça ética, oferecem uma “cura” mais elegante à cegueira.

São bastante eficazes no tratamento da deficiência visual provocada pelo epitélio do pigmento da retina (RPE), uma camada celular frequentemente problemática. A área está ligada à “cegueira da velhice” e à “cegueira diabética”.

Os cientistas são capazes de criar novas células RPE a partir de células estaminais e plantá-las no olho. Os estudos têm demonstrado que estas células RPE cultivadas em laboratório não só terminam só com a cegueira, como podem mesmo revertê-la.

O único problema? Precisamos de muito mais investigação antes que este tipo de procedimento seja implementado em massa. Além disso, de momento parece que só funciona em caso de cegueira causada por células RPE defeituosas.

Por último, mas não menos importante, há a terapia genética, que envolve a correção das mutações do padrão genético, que causam a cegueira em primeiro lugar.

Uma dessas mutações — no gene RPE65, que leva a uma condição chamada amaurose congénita Leber — pode ser tratada com uma nova terapia chamada Luxturna, aprovada pela FDA em 2017.

“Acredito que a terapia genética se tornará um pilar no tratamento, e talvez na cura, de muitas das nossas doenças mais devastadoras e intratáveis”, comentou um porta-voz, na altura.

Embora a Luxturna tenha sido concebida para tratar uma mutação hereditária particular (e uma espécie de mutação rara), as implicações são enormes.

A terapia genética poderia ser utilizada para tratar qualquer tipo de disfunção visual progressiva, desde a degeneração relacionada com a idade, até à muito comum retinite pigmentosa.

A Freethink noticiou também uma história no ano passado, sobre como uma combinação de terapia genética e óculos especiais ajudou a restaurar parcialmente a visão de um homem … que a tinha perdido 40 anos antes.

A terapia genética não pode curar a cegueira se não for herdada. Se perdeu a visão num olho devido a um acidente, terá de procurar uma solução diferente.

Mas essa é a beleza da abordagem multifacetada dos tempos modernos para resolver dilemas científicos. Raramente existe uma “cura”, o que faz sentido. Afinal de contas, raramente há apenas uma causa.

Embora todas estas terapias sejam dispendiosas, experimentais e estejam longe da perfeição, o futuro parece mais claro do que nunca.

Alice Carqueja, ZAP //

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