A tartaruga-oliva faz parte da lista de espécies consideradas “vulnerável” da União Internacional para a Conservação da Natureza, com o número de exemplares a diminuir.
As tartarugas marinhas de Punta Chame, uma península do Panamá que se precipita no Oceano Pacífico, enfrentam uma ameaça existencial semelhante à do rinoceronte e do pangolim: uma superstição humana. Os ovos da tartaruga protegida, colhidos ilegalmente da praia, são atualmente vendidos porta a porta na cidade por 75 cêntimos a 1 dólar cada um pelas suas supostas qualidades afrodisíacas.
“Especialmente os homens pensam que ao comerem ovos de tartaruga terão mais prazer sexual”, explicou Jorge Padilla, um conservacionista da ONG Fundacion Tortuguias, que recolhe e eclode os preciosos ovos. “Os ovos não vão ajudar. Eles não são um afrodisíaco”, insistiu ele.
A tartaruga-oliva (Lepidochelys olivacea) faz parte da lista de espécies consideradas “vulnerável” da União Internacional para a Conservação da Natureza, com o número de exemplares a diminuir. A sua sobrevivência depende fortemente de pessoas como Padilla, que com voluntários da aldeia recolhem os ovos acabados de pôr e os enterram na areia do viveiro.
Centenas de ovos eclodem todos os anos entre julho e fevereiro, sendo que em poucas horas são trazidos para a praia e libertados perto da beira da água por voluntários que olham com orgulho para os pais enquanto as pequenas criaturas fazem uma corrida frenética para o oceano.
“Não podemos simplesmente colocá-los (na água) porque eles têm de passar por um processo chamado ‘imprinting‘ (ao longo da praia) que os levará de volta dentro de 18-20 anos à mesma praia onde nasceram” para depositarem os seus próprios ovos.
Dia e noite, Padilla patrulha a praia para afugentar os caçadores furtivos. Outras ameaças incluem cães vadios que perambulam pelas praias em busca de comida, e águias. Padilla afasta os cães mas deixa as águias como predadores naturais de tartarugas e parte do círculo da vida. As tartarugas também acabam como captura acessória da pesca, e enfrentam ameaças às suas praias de nidificação devido à invasão humana e às alterações climáticas.
“Há muitas ameaças às tartarugas marinhas, tanto no Pacífico como nas Caraíbas: colheita ilegal de ovos, consumo excessivo da sua carne, das suas cascas… São usadas para pentes… vestuário”, disse Padilla.