Nova espécie de “dinossauro anão” descoberta na Transilvânia

Felix Augustin / Peter Nickolaus / Dylan Bastiaans

Fóssil do Transylvanosaurus platycephalus

Embora a Transilvânia seja mais conhecida como a terra do conde Drácula, um grupo de investigadores descobriu que uma espécie de “dinossauro anão” vagueou pela região romena muito antes da “era dos vampiros”.

Denominada Transylvanosaurus platycephalus num estudo publicado recentemente no Journal of Vertebrate Paleontology, a espécie descoberta é um membro da família herbívora Rhabdodontidae, que viveu há cerca de 70 milhões de anos, durante o Período do Cretáceo Final.

Com base nos fragmentos ósseos, o dinossauro media cerca de um metro e meio de comprimento, andava sobre duas pernas e tinha uma cauda incrivelmente poderosa. Tinha também a cabeça plana, como se reflete no seu nome científico, que se traduz literalmente por “réptil de cabeça plana da Transilvânia”.

O Período do Cretáceo Final ocorreu depois da divisão da Pangaea em múltiplos continentes. O que é agora a Europa foi outrora uma série de ilhas tropicais semelhantes às Galápagos dos tempos modernos. A região da Roménia na qual os ossos foram encontrados era, na altura, um pequeno arquipélago tropical.

A descoberta desta espécie de “dinossauro anão” apoia a “regra da ilha” – uma teoria que sugere que as espécies animais que evoluem nas ilhas são notavelmente menores do que as suas congéneres continentais. Já as espécies menores dessas ilhas crescem mais do que as suas congéneres do continente.

“Quase todos os animais terrestres desta ilha eram bastante pequenos. Uma exceção foram os pterossauros, alguns dos quais atingiram tamanhos gigantescos – a razão para isto é provavelmente o facto de poderem voar e, portanto, não terem sido tão severamente afetados pelos recursos limitados da ilha”, disse à CNN Felix Augustin.

A equipa não encontrou fragmentos ósseos com mais de 12 centímetros, mas foram capazes de determinar uma quantidade surpreendente de informação sobre esta criatura pré-histórica – incluindo os contornos do seu cérebro.

“Conseguimos ver as impressões e as proporções das diferentes secções cerebrais – mais especificamente dos bolbos olfativos (a secção cerebral responsável pelo sentido do olfato) e do cérebro, que serve várias funções diferentes, desde o processamento sensorial à memória”, referiu Augustin, um dos autores do estudo.

“O passo seguinte seria comparar as proporções do cérebro e do olho com outras espécies. Isto pode dar informação sobre quais eram os sentidos importantes para o Transylvanosaurus platycephalus“, continuou.

O bom estado dos ossos após dezenas de milhões de anos foi também fortuito. Tinham sido preservados pelo sedimento do leito de um rio pré-histórico.

“Se o dinossauro tivesse morrido e simplesmente deitado no chão em vez de estar parcialmente enterrado, o tempo e os necrófagos teriam destruído todos os seus ossos”, indicou o investigador.

Os ossos foram encontrados no leito de um rio da Bacia Haţeg, que provou ser uma das zonas mais importantes para a descoberta de vertebrados Cretáceos na Europa. Até agora, foram identificadas dez espécies de dinossauros na região.

A espécie descoberta terá vivido ao lado de outros dinossauros anões, crocodilos, tartarugas e pterossauros voadores, que mediam mais de nove metros. De acordo com Augustin, as ilhas que constituíam a Europa moderna tinham, na altura, uma população de espécies mais diversificada do que se pensava.

“Com cada espécie recém-descoberta, estamos a desmentir a hipótese generalizada de que a fauna do Cretáceo tardio tinha uma baixa diversidade na Europa”, disse. De facto, os Rhabdodontidae eram os herbívoros de pequeno e médio porte mais comuns na Europa durante o Período do Cretáceo Final – mas não é claro como chegaram a um local tão a Leste.

Uma teoria apresentada pela equipa indica que o Transylvanosaurus platycephalus pode ter tido origem no que é hoje a França e ter-se espalhado a partir de lá, a nado.

O “[Transylvanosaurus] tinha pernas e uma cauda poderosa. A maioria das espécies, em particular os répteis, podem nadar desde o nascimento”, disse Augustin.

Outra teoria sugere que a família Rhabdodontidae evoluiu em paralelo tanto na Europa Oriental como na Ocidental.

Independentemente da origem, a descoberta do Transylvanosaurus platycephalus proporcionou aos investigadores uma visão significativa da fauna do Período do Cretáceo Final.

ZAP //

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