As garrafas de cerejas datam de meados do século XVIII e são uma “cápsula do tempo” que mostra os métodos de preservação de alimentos usados na época.
Numa fascinante descoberta arqueológica na histórica residência de George Washington na Virgínia, Mount Vernon, os investigadores desenterraram duas garrafas de vidro cheias de cerejas que datam de meados do século XVIII.
A descoberta foi feita durante escavações em curso com o objetivo de revitalizar a mansão, revelando um olhar sobre as práticas culinárias coloniais e os métodos de preservação, revela o Live Science.
As garrafas, que se crê terem sido fabricadas entre as décadas de 1740 e 1750, estavam escondidas debaixo de um chão de tijolo instalado na década de 1770. Esta descoberta surpreendente foi anunciada por Mount Vernon e noticiada pelo The Washington Post.
A equipa de investigadores, liderada pelo arqueólogo Jason Boroughs, transferiu as cerejas, juntamente com os seus caroços, caules e um misterioso “resíduo viscoso“, para recipientes mais pequenos para análise posterior.
Boroughs descreveu o momento em que a equipa chegou ao fundo dos frascos: “Cheirava mesmo a flores de cerejeira“, sublinhando a preservação do aroma do fruto ao longo dos séculos.
Pensa-se que o líquido de cor âmbar dentro das garrafas seja água subterrânea que se infiltrou à medida que as rolhas originais se deterioraram.
Os investigadores especulam que estas cerejas foram colhidas em Mount Vernon na década de 1770, possivelmente antes da Guerra da Revolução, e que se destinavam provavelmente a consumo futuro.
O ato de enterrar estas garrafas, que ocorreu entre 1758 e 1776, encapsula uma fatia da vida colonial, oferecendo uma “cápsula do tempo” da época.
Esta prática está em sintonia com a popular bebida colonial conhecida como cherry bounce, a mistura preferida de George e Martha Washington, feita de brandy, especiarias, açúcar e sumo de cereja.
No entanto, o tamanho reduzido das garrafas sugere que estas cerejas em particular não se destinavam a fazer cherry bounce, mas possivelmente a outras utilizações culinárias, como cozinhar.
A prática de conservar frutos e legumes durante o século XVIII implicava frequentemente secar os produtos e selá-los em garrafas antes de os enterrar, um método documentado em relatos da época.
As cerejas em conserva não terão sido colhidas pelo próprio Washington, mas por algumas das centenas de indivíduos escravizados que residiam em Mount Vernon.
Esta descoberta vem juntar-se a uma série de achados semelhantes na Virgínia, onde cerejas envelhecidas e outros frutos foram encontrados em garrafas em locais históricos como Williamsburg em 1966 e Monticello de Thomas Jefferson em 1981.