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Escavação em igreja britânica revela como a Peste Negra impactou a zona rural do país

Antiquity / University of Sheffield

Foram descobertos os esqueletos de 48 vítimas da Peste Negra numa igreja no Reino Unido. Mais de metade dos cadáveres pertenciam a pessoas com menos de 17 anos de idade.

A Peste Negra, uma das maiores epidemias da História mundial, eliminou metade da população britânica entre 1348 e 1349, em apenas 18 meses. Mas, apesar das gigantescas proporções, este fenómeno carece de evidências.

Uma vasta escavação realizada por arqueólogos da Universidade de Sheffield na Abadia de Thornton, em Lincolnshire, no Reino Unido, apresenta agora uma nova faceta sobre esta epidemia, depois de ter sido encontrada uma vala comum com os restos mortais de 48 vítimas da Peste Negra.

De acordo com o artigo científico, publicado recentemente na Antiquity, mais de metade dos cadáveres pertenciam a pessoas com menos de 17 anos.

Em comunicado, Hugh Willmott, líder da investigação, explicou que os únicos dois locais do século XIV anteriormente identificados onde a Yersinia pestis (a bactéria responsável pela peste) foi encontrada “são cemitérios historicamente documentados em Londres, onde as autoridades cívicas foram forçadas a abrir novos cemitérios de emergência para lidar com um número muito grande de mortos”.

Os cientistas acreditavam que as aldeias rurais com populações mais escassas eram capazes de lidar com o número de vítimas da Peste Negra, enterrando os cadáveres em sepulturas individuais no cemitério local. No entanto, esta vala comum em Lincolnshire sugere que os habitantes do interior do país também tiveram muitas vítimas da doença.

Ainda que este sítio arqueológico tenha sido encontrado em 2012, só agora é que as escavações foram concluídas. Além destes esqueletos, a equipa encontrou um hospital medieval anexado a um convento.

“As pessoas não podiam ser enterradas no cemitério da paróquia, provavelmente porque o padre ou o coveiro também tinham morrido. Por esse motivo, voltaram-se para a igreja”, adiantou Willmott.

Segundo os investigadores, a posição em que as ossadas foram encontradas indica que foi realizado algum tipo de ritual com os corpos. “As pessoas tentaram tratar os corpos da forma mais respeitosa possível, porque na Idade Média era muito importante dar aos mortos um enterro adequado“, ressaltou o especialista.

“Mesmo sendo o auge de um terrível desastre, eles estavam a ter o máximo de cuidado possível”, rematou, citado pelo Ars Technica.

Os especialistas esperam que esta descoberta revele ainda mais informações sobre este período negro da História da humanidade.

ZAP //

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