Escândalo do sangue contaminado: Sunak pede desculpa por encobrimento

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Rishi Sunak, primeiro-ministro britânico

Recente relatório acusa as autoridades britânicas de encobrimento no caso que afetou 30 mil pessoas e matou três mil no Reino Unido entre as décadas de 1970 e 1990.

O primeiro-ministro britânico Rishi Sunak pediu desculpa publicamente esta segunda-feira pelos erros governamentais associados ao escândalo do sangue contaminado no Reino Unido nas décadas de 1970 e 1990, que causou três mil mortos.

Também o líder da oposição, Keir Starmer, do Partido Trabalhista, reconheceu que os políticos falharam e prometeu colaborar com o Governo para acelerar o pagamento das indemnizações.

Os dois políticos prometeram ainda colaborar para compensar as vítimas, após a divulgação de um relatório sobre o caso que acusa as autoridades britânicas de encobrimento.

“Em nome deste e de todos os Governos que remontam à década de 1970, lamento profundamente”, disse Sunak, numa declaração no parlamento, esta segunda-feira.

Este é um pedido de desculpas do Estado — a todas as pessoas afetadas por este escândalo, disse em comunicado oficial no X. “Não tinha de ser assim. Não devia nunca ter sido assim.”

O chefe do Governo britânico prometeu ainda que serão pagas indemnizações, cujo valor será noticiado esta terça-feira e pode ascender a 10 mil milhões de libras (11,7 mil milhões de euros, ao câmbio atual), de acordo com estimativas da BBC.

“Esse falhanço aplica-se a todos os partidos, incluindo o meu. Só há uma palavra: desculpa. E, com esse pedido de desculpas, reconheço que este sofrimento foi causado por irregularidades, atrasos e falhas sistémicas em toda a linha, agravados por instituições defensivas”, lamentou Starmer.

O escândalo do sangue contaminado

O escândalo do sangue infetado do Reino Unido, um dos maiores desastres médicos da história britânica, despoletou na década de 70 quando cerca de 4.000 doentes foram tragicamente infetados com VIH e hepatite C através de produtos sanguíneos contaminados.

Estes produtos eram frequentemente utilizados para tratar pessoas com hemofilia, uma doença genética que afeta a capacidade do organismo de produzir coágulos sanguíneos para parar as hemorragias.

Durante vinte anos, cerca de 30 mil pessoas que sofriam de hemofilia ou que tinham sido submetidas a intervenções cirúrgicas foram contaminadas através de transfusões de sangue.

A maior parte do sangue contaminado provinha dos Estados Unidos, onde os dadores de plasma, incluindo reclusos, eram pagos pelas suas doações, aumentando o risco de infeções transmitidas pelo sangue.

A falta de um rastreio rigoroso dos dadores e a inadequação dos processos de inativação viral agravaram ainda mais a situação. O escândalo veio a lume no final da década de 1980 e no início da década de 1990, quando as pessoas afetadas começaram a apresentar sintomas das doenças.

O que diz o novo relatório?

Em mais de 2.500 páginas e sete anos de trabalho, milhares de testemunhas e dezenas de milhares de documentos foram revisitados. Concluiu-se que a tragédia foi “ocultada durante décadas” e que o escândalo “poderia ter sido evitado em grande parte”.

“Este desastre não foi um acidente. As contaminações ocorreram porque os responsáveis – médicos, serviços de sangue e sucessivos Governos – não puseram a segurança dos doentes em primeiro lugar”, vincou o juiz Brian Langstaff.

ZAP // Lusa

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