Erdogan reeleito presidente da Turquia

Tolga Bozoglu / EPA

O presidente da Turquia, Recep Erdogan

O Presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, foi reeleito hoje, na segunda volta das eleições presidenciais do país, confirmou a Alta Comissão Eleitoral da Turquia.

“Com base nos resultados provisórios, foi constatado que o senhor Recep Tayyip Erdogan foi reeleito Presidente da República”, disse o presidente da Alta Comissão Eleitoral da Turquia, Ahmet Yener, citado pela agência estatal Anadolu.

Os resultados oficiais finais devem ser anunciados no início desta semana.

O Presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, já tinha reivindicado a vitória na segunda volta das eleições presidenciais que decorreram hoje no país, enquanto o adversário lamentou o resultado.

“A nossa nação confiou-nos a responsabilidade de governar o país nos próximos cinco anos”, afirmou Erdogan, em frente à sua residência em Istambul, para onde uma multidão entusiasmada convergiu nas últimas horas.

Perante os apoiantes, o chefe de Estado, que está há 20 anos no poder, garantiu que vai cumprir “todas as promessas feitas ao povo” e salientou que cada eleição é “um renascimento”.

Por seu lado, o opositor Kemal Kiliçdaroglu expressou a sua “tristeza” pelo futuro da Turquia. “Estou profundamente triste com as dificuldades que o país enfrenta”, disse o candidato derrotado e líder do principal partido da oposição da Turquia, falando na sede do seu partido, em Ancara, após a reeleição do Presidente Erdogan.

Na primeira volta das eleições presidenciais, Erdogan obteve 49,5% dos votos, quase cinco pontos à frente do seu adversário. Foi a primeira vez em 20 anos, desde que está no poder na Turquia, que Erdogan se viu obrigado a disputar uma segunda volta.

Resultados preliminares e não oficiais colocavam o atual Presidente da Turquia à frente na segunda volta das eleições, quando estavam apuradas 98% das mesas de voto.

A agência de notícias estatal Anadolu adiantou que Erdogan já obteve 52,1% dos votos, enquanto o seu adversário, Kemal Kilicdaroglu, teve 47,9%.

Já a agência de notícias ANKA, próxima da oposição, avançou com 51,9% para Erdogan e 48,1% para Kilicdaroglu. As assembleias de voto encerraram às 17:00 locais, menos duas horas em Lisboa.

Viragens e concessões

A oposição turca denunciou irregularidades na segunda volta das eleições presidenciais, como ataques físicos contra observadores eleitorais na região Sudoeste e votos falsos.

O partido social-democrata CHP reportou a existência de votos em nome de pessoas que não constam das listas, o registo de mortos como eleitores e a entrega de boletins pré-preenchidos.

Depois de a aliança em torno de Erdogan e liderada pelo Partido da Justiça e do Desenvolvimento (AKP) ter assegurado uma nova maioria absoluta no parlamento na primeira volta das eleições no passado dia 14 de maio, a estratégia dos dois rivais centrou-se na tentativa de assegurar os 5,2% de votos que na primeira volta contemplaram Sinan Ogan, terceiro candidato presidencial.

Kiliçdaroglu, líder do Partido Republicano do Povo (CHP, centro-esquerda e laico) desde 2010 e que se apresentou nas urnas como o candidato presidencial de uma coligação de seis partidos da oposição turca, protagonizou nas duas últimas semanas uma viragem à direita na tentativa de captar o voto ultranacionalista, para desagrado das forças mais à esquerda que o apoiam.

No início da semana, Ogan declarou publicamente o seu apoio a Erdogan, mas dois partidos nacionalistas que o apoiaram na campanha e integrados na Aliança Ancestral (ATA) optaram por apoiar Kiliçdaroglu e o seu discurso dirigido contra os 3,5 milhões de refugiados da guerra na Síria que começaram a ser acolhidos desde 2011 no território turco.

Erdogan, que antes da sua primeira eleição presidencial ocupou entre 2003 e 2014 o cargo de primeiro-ministro, também se confronta com um problema político após o seu AKP ter admitido na coligação eleitoral que lidera (Aliança Popular) o pequeno partido fundamentalista curdo Huda-Par, herdeiro de um grupo armado ultra-islamista da década de 1990 e que elegeu quatro deputados para o novo parlamento.

A Turquia tem cerca de 85 milhões de habitantes e mais de 61 milhões de eleitores inscritos num processo em que o voto é obrigatório.

ZAP // Lusa

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