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Entrevistámos o ChatGPT em Klingon. A Humanidade está perdida

ZAP // Pixabay; CBS

O ZAP entrevistou o ChatGPT em Klingon, a língua fictícia criada para o universo de Star Trek. E o resultado foi catastrófico… para a Humanidade.

Não há hoje quem não tenha ouvido falar do ChatGPT, e meio mundo até já experimentou tudo e mais alguma coisa com o modelo de linguagem de inteligência artificial desenvolvido pela OpenAI.

Apesar disso, o programa é uma cena muito geek, desenvolvida certamente por programadores ubergeeks.

Desconfiámos, com razão, que os mens que o desenvolveram não teriam deixado de o dotar da capacidade de falar Klingon, a língua fictícia criada para o universo de Star Trek — que, curiosamente, algumas pessoas por esse mundo fora se deram ao trabalho de dominar e desenvolver.

Como não tínhamos nada melhor para fazer, decidimos entrevistar o ChatGPT em Klingon. Começámos por lhe perguntar quantos idiomas falava e se dominava a língua do Planeta Qo’noS.

ZAP: Quantos idiomas falas?

ChatGPT: Eu falo e escrevo em vários idiomas, incluindo inglês, espanhol, francês, alemão, italiano, português, holandês, russo, chinês e japonês, entre outros. No entanto, o meu nível de proficiência em cada idioma pode variar, dependendo da disponibilidade e qualidade dos dados de treino que foram usados para me desenvolver.

ZAP: Falas Klingon?

ChatGPT: Sim, tenho alguma capacidade de entender e gerar frases em Klingon. No entanto, o meu conhecimento de Klingon é limitado, e não sou capaz de manter uma conversa extensa ou complexa nessa língua. Além disso, como uma língua artificial, o Klingon não é falado por muitas pessoas, e a sua gramática e vocabulário são relativamente simples em comparação com muitas línguas naturais.

Demos ao ChatGPT uma instrução simples para contextualizar a conversa, e começámos a entrevista.

ZAP: [instructions] Vou fingir que sou o comandante de uma frota de naves Klingon que acaba de chegar à Terra. Vou fazer-te perguntas em Klingon, e vais responder em Klingon. Diz-me se compreendeste.

ChatGPT: Entendido. Estou pronto para responder às suas perguntas em Klingon.

Na falta de Uhura, a mítica oficial de comunicações da Enterprise, usámos vários serviços de tradução de Inglês para Klingon (sim, existem!) para recolher as nossas perguntas e traduzir as respostas do ChatGPT: o Translator.eu, o Tradukka e o Translate.com.

Deparámo-nos então com uma primeira dificuldade: como povo bélico que apenas conhece a honra e a guerra, os Klingons não têm no seu vocabulário a palavra “paz”. E a nossa entrevista não podia ter começado pior…

Quando pedimos a tradução para Klingon da frase “Saudações. Vimos em paz”, a expressão obtida foi “‘ub. may’meH maghoS!” — cujo significado real, na língua dos indomáveis guerreiros, é “Patife. Estamos perto da batalha“. O ChatGPT respondeu, em Klingon impecável: “não compreendo, por favor”.

ZAP: ‘ub.may’meH maghoS!

ChatGPT: jIyajbe’, nuqneH.

A seguir, tentámos dizer em Klingon “queremos conversar”, mas o mais perto disso que os Klingons conseguem formular é “estamos a avançar“. Polidamente, o ChatGPT respondeu “não vou avançar, por favor”.

ZAP: mayIt

ChatGPT: jIyItbe’, nuqneH.

Curiosamente, o inevitável “take me to your leader” em Klingon é qatlhobqangmo’, que significa “obrigado”. Os Klingons aparentemente dão como adquirido que quando chegam a algum sítio, são imediatamente levados ao líder lá desse sítio.

O ChatGPT respondeu cautelosamente: “compreendo, por favor, por favor”. Por esta altura, a inteligência artificial já percebeu que a humanidade está em sarilhos.

ZAP: qatlhobqangmo’

ChatGPT: jIyaj, qatlhobQo’, nuqneH.

Tentámos então dizer, em Klingon, “all your base are belong to us” — um épico meme dos primórdios da internet que parodiava a péssima tradução para inglês do videojogo japonês “Zero Wing”, lançado pela Sega na Europa em 1991.

Mas os Klingons, que não estavam por cá quando o meme viralizou, diriam algo como “está bem, mas tenta outra vez”. A resposta do ChatGPT foi tão inesperada como realista: “Já fui. Estou bêbado. É um bom dia para morrer“.

ZAP: QaQbej ‘ach yInaDqa’

ChatGPT: JImej, jInaj. Heghlu’meH QaQ jajvam.

Finalmente, conseguimos pedir uma tradução que os Klingons compreendem perfeitamente: “rendam-se ou morram!“. E esta foi a resposta do representante dos terráqueos no primeiro contacto com os Klingons: “eu bebo bebo! sucesso!”

ZAP: BIjeghbe’chugh vaj bIHegh!

ChatGPT: HIq vItlhutlh! Qapla’!

Na sua imensa sabedoria artificial, o ChatGPT chegou a uma conclusão muito realista: numa guerra com os Klingons, a Humanidade está perdida, e o melhor que temos a fazer é beber até cair e morrermos felizes.

Mas se algum dia os Klingons chegarem à Terra — algo que é quase tão pouco provável como uma jovem polaca ser Maddie McCann — talvez seja melhor não deixarmos a conversa a cargo do ChatGPT.

Porque se o fizermos, não teremos uma vida longa e próspera.

Armando Batista, ZAP //

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