Anuncio da subida de juros é a primeira em 11 anos e está a ser antecipada com expectativa por economistas e investidores.
Após o anúncio de 9 de junho, em que o Banco Central Europeu dava conta da subida das taxas de juro, os mercados ficaram expectantes por mais informações, sobretudo no que respeita aos valores do aumento. Se num primeiro momento estava previsto que a taxa de referência aumentasse 25 pontos base em julho e mais 25 ou 50 pontos em setembro, os valores crescentes da inflação podem alterar a trajetória: com alguns economistas a defenderem uma subida, de imediato, de 50 pontos.
De um lado, Christine Lagarde terá a pressão dos banqueiros mais conservadores, os quais defendem medidas mais significativas, de forma a compensar o que entendem ter sido um atraso na resposta do BCE à subida da inflação — a qual já levou o à paridade do euro com o dólar e está a alimentar a subida dos preços por toda a Europa, sobretudo no que concerne à energia.
O apelo à subida das taxas de juro para valores mais elevados é sustentado pelo caminho seguido pelos restantes Bancos Centrais, como aconteceu no Canadá (que subiu os juros em 100 pontos base), na Inglaterra (que aumentou quatro vezes a taxa de juro, para 1,25%) e nos Estados Unidos da América (que subiu os juros três vezes, para 1,75%).
Do outro lado, a mulher forte da política monetária europeia tem a história e os maus exemplos de que ainda há memória no continente. Os que defendem abordagens mais graduais, justificam-na, por exemplo, com o facto de grande parte da inflação na Europa ser importada através dos bens energéticos, o que tornará as medidas ineficazes. Outra consequência indireta tem que ver com o abrandamento da atividade económica e, posteriormente, um aumento do desemprego na Zona Euro.
Juntam-se ainda a este contexto as limitações no fornecimento de gás natural pela Rússia, o que abre caminho a uma recessão na Europa nos próximos 12 meses, lembra o Expresso.
Atenções viradas para as dívidas públicas
Outro momento importante do anúncio de hoje tem que ver com as dívidas públicas, já que logo após o comunicado do mês de junho, os investidores passaram a exigir juros cada vez mais altos aos países do sul da Europa, como Itália, Espanha, Grécia ou Portugal, como forma de testar a sua resistência.
A resposta do Banco Central Europeu não se fez esperar, com Christine Largarde a convocar uma reunião de emergência e a sublinhar que a instituição a que preside está a trabalhar num mecanismo de combate à fragmentação dos mercados de dívida pública. Novamente, também aqui as se opiniões dividem.