Enorme cadeia de montanhas escondida no Oceano foi criada por um ponto de calor em movimento

Tonicthebrown / Wikimedia Commons

Cordilheira do Norte, no Oceano Pacífico

5 mil quilómetros de montanhas estão escondidos debaixo do Oceano Pacífico. Os vulcões submarinos existem em todos os oceanos. Mas estes moveram-se… várias centenas de quilómetros.

Um novo estudo publicado dia 8 de novembro na Nature mergulha nas profundezas das ondas para mostrar como a cordilheira do Nordeste se formou entre 43 e 83 milhões de anos atrás — e as suas origens são uma grande surpresa.

Os montes submarinos são vulcões, existem em todos os oceanos e são causados por “pontos quentes”, explica a Science Alert. Esses pontos estão sob a superfície da Terra, e neles a acumulação de calor derrete o manto terrestre, libertando plumas quentes num afloramento semelhante a um tubo.

Os cientistas não acreditavam que os pontos quentes pudessem mover-se, pelo que se pensava que o rasto de vulcões debaixo de água resultava do deslizamento das placas tectónicas sobre um ponto quente imóvel. Estavam enganados.

“Ao contrário da maioria dos hotspots vulcânicos, que permanecem imóveis no manto e criam rastos vulcânicos à medida que as placas tectónicas se deslocam sobre eles, este estudo descobriu que o hotspot responsável pela Crista do Nordeste se moveu várias centenas de quilómetros no manto ao longo do tempo“, explica o geocientista Hugo Olierook, da Universidade de Curtin, na Austrália.

“Pensa-se que este tipo de movimento de hotspots é comum, mas é difícil de provar e só foi demonstrado anteriormente para alguns hotspots no Oceano Pacífico“, realça ainda.

Se o ponto quente de uma das cristas da cordilheira, a Kerguelen (responsável pela criação da cicatriz submarina vertical do Oceano Índico, visível na imagem de destaque) tivesse permanecido fixo sob a Placa Indiana durante este movimento, então essa crista ter-se-ia deslocado para norte ao mesmo ritmo que a propagação do fundo do mar. E não foi isso que aconteceu.

Entre 83 e 66 milhões de anos atrás, a datação radioisotópica sugere que os picos da cordilheira foram criados a cerca de metade da taxa de propagação do fundo do mar.

Isto significa que “o ponto quente de Kerguelen não estava fixo sob a placa indiana“, escreve a equipa internacional de investigadores, liderada por Qiang Jiang da Universidade de Petróleo da China.

Mas porque é que o ponto se moveu a este ritmo? “O cenário mais provável é que a pluma mantélica tenha sido capturada pela crista de espalhamento Índico-Antártico que migra para norte e que os materiais da pluma tenham fluído continuamente em direção à crista e entrado em erupção na crista”.

Há cerca de 66 milhões de anos, essa pluma foi “desligada” quando a crista começou a afastar-se demasiado. Mais tarde, a pluma foi temporariamente capturada de novo, desta vez pela crista de expansão ocidental. Até que, há de 42 milhões de anos, o ponto quente tinha já traçado uma linha vertical que atualmente separa o Oceano Índico em leste e oeste.

O geocientista da Curtin Fred Jourdan explica a relevância do estudo para investigações neste campo: “Ao utilizarmos datações de alta precisão, podemos aperfeiçoar estes modelos de forma significativa, o que nos permitirá compreender melhor os movimentos continentais antigos”.

ZAP //

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