Os artesãos e comerciantes dos tradicionais capotes alentejanos estão preocupados porque um engenheiro civil reclama para si a autoria e os direitos exclusivos sobre estes produtos que são fabricados há Séculos.
No passado dia 19 de Novembro, os artesãos que fabricam os famosos capotes alentejanos foram surpreendidos com cartas registadas, onde um engenheiro civil alega ser o “dono” dos desenhos e modelos destas peças de vestuário tradicionais.
A carta é assinada por um advogado com escritório em Penafiel, em representação do tal engenheiro civil.
“No início, até achámos que seria uma brincadeira de mau gosto, mas, como era uma carta registada e vinha com prazo de resposta, procurámos um advogado, que escreveu a esse senhor a explicar os nossos argumentos”, conta à TSF Rosária Grilo dos capotes Alpedrinha em Santa Eulália, no concelho de Elvas.
“Estamos todos reunidos a tentar resolver este absurdo“, refere ainda Rosária Grilo, realçando que os capotes que comercializa há anos estão, agora, registados no Instituto Português de Propriedade Industrial como sendo direito exclusivo do engenheiro civil.
Engenheiro pediu a patente durante o confinamento
Delfina Marques, dos Capotes Emotion, em Évora, repara para os timings oportunistas de quem registou a patente dos capotes alentejanos.
“Ele pediu a patente em Março, quando estávamos em confinamento por causa da pandemia. Teve a concessão do registo no Verão, mas é agora, em Novembro, quando estamos a iniciar a nossa época alta, com a aproximação do Natal e do Inverno, que ele vem notificar-nos desta situação. É muito curioso”, aponta Delfina Marques na TSF.
Entretanto, através do seu advogado, o engenheiro civil terá manifestado disponibilidade para encontrar “uma resolução amigável deste assunto”. Mas isso só deixa os artesãos ainda mais desconfiados.
“Se ele apresenta os capotes como sendo dele, qualquer pessoa para os continuar a fazer terá de lhe dar uma comissão. Não estamos na disposição de fazer uma coisa dessas”, nota Rosária Grilo, assinalando que o proprietário da casa onde trabalha, José Alpedrinha, “tem 85 anos e fez capotes a vida inteira”.
Rosária Grilo refere ainda que já o pai de José Alpedrinha fazia capotes alentejanos em Santa Eulália.
Direcção de Cultura fala em “registo anómalo”
A Direcção Regional de Cultura do Alentejo (DRCA) já foi alertada para a situação e já está a tentar anular o registo, conforme revela à TSF a dirigente da entidade, Ana Paula Amendoeira.
Esta responsável fala de um caso “grave”, notando que “estamos a falar de elementos típicos de vestuário tradicional da região”. “O registo do direito exclusivo para o comercializar é completamente anómalo”, defende Ana Paula Amendoeira.
Esta responsável assegura que a DRCA já accionou os mecanismos jurídicos para anular o registo e que está também a tratar da inscrição destas peças no Inventário Nacional do Património Cultural e Imaterial.
É uma tristeza ver estas notícias de roubos descarados do património cultural português. Agora é um português “espertalhão” que se aproveitou da confusão da pandemia para registar como sua a criação do capote alentejano, que todos nós sabemos ser tipicamente alentejano e muito antigo. Deve ter tirado a brilhante ideia da estilista americana que copiou/roubou a típica camisola poveira típica da Póvoa de Varzim e a vendeu por quase 700 euros como sendo inspirada no México e depois como sendo uma criação sua. E isto já depois de ter posto à venda, como criação sua, uma louça em tudo semelhante à louça tradicional criada por Rafael Bordalo Pinheiro, inspirada em couves e hortaliças.
Por este andar vamos perdendo tudo o que é do nosso património cultural, roubados pelis “espertos” de cá e lá de fora. Até nisto somos agora roubados!
Chico esperto de esperteza saloia. Espero bem que o Estado , o Turismo e as Autarquias saibam defender e bem o património Alentejano… um destes dias também patenteia o cantar alentejano…há cada um… pelo amor de Deus…
Estamos perante um espertalhão que cria um cambalacho oportunista. Já não bastava a fraude que espertalhões estão a fazer , em algumas partes do nordeste algarvio, ao registar propriedades aparentemente ao abandono com o conluio de testemunhos comprados para aparecer um chico-esperto a usurpar aquilo que nunca lhe pertenceu.
Eu acho que este eng civil teve uma ideia de genio, isso sim!
Já estou a tratar da papelada para registar em meu nome o tapete de arraiolos, as rendas de bilros e as sete saias da Nazaré.
E vou tambem ganhar rios de dinheiro, já agora, registando a patente do cozido à portuguesa, bacalhau à minhota, e até do ovo estrelado. É isso aí. Façam um ovinho estrelado e paguem direiros aqui ao “je”.
Ah! Ah! Ah! Ah! 😀
Que um espertalhào peça o registo, espertalhões há muitos… Como é que a instituição lho concede é que me ESPANTA e PREOCUPA.
É algo que é tradicional, não é uma invenção nova…. Como é que aqueles “troncos” concederam um registo de propriedade intelectual??????
Eu acho que são mesmo IGNORANTES, os que analisam os pedidos de registos, pois isto é cultura geral portuguesa. Das duas uma, ou são bur… ou é uma máquina, que não possui memória de exceção, da cultura portuguesa.
Caro MC, está frustrado porquê? O que lhe corre assim tão mal para ter tanta bílis na boca?
Eu não tenho bílis na boca, como toda a gente normal, a bílis é no fígado … O que constato é muita falta de cultura geral e ver pessoas a tentar tirar proveito dois outros,
Mas alguém sabe explicar.
Eu apresento-me a registar um produto que é feito à muito tempo mas nunca foi registado.
A quem apresento o registo como sendo de minha invenção só se limita a ver se existe registo e se não existe aceita?
Agora não me estou a lembrar de um produto cujo nome já não esteja salvaguardado.
Pergunta de quem não percebes nada destas coisas do INPI (Instituto Nacional da Propriedade Intelectual):
Tendo o processo as fases que tem e que são conhecidas (de quem procurar um pouco pelo menos), sendo pública e notória a existência de negócios senão seculares, pelo menos com muitas décadas, quem foi o incompetente que aceitou e o incompetente que validou uma golpada destas?
E já agora, o tal Eng., será algum Eng. dos lados do distrito de Castelo Branco?
Castelo Branco, só falta mesmo dizer o nome, eheheheh……
Lol, “olhe que não! Olhe que não!”
É preciso ter lata, para em plena pandemia fazer um registo de algo tão alentejano, tão próprio dos artesãos alentejanos, traje regional e de aquecimento dos naturais alentejanos. Espero que as entidades competentes, nomeadamente a Direção Geral do Património Cultural, a própria Autarquia, A Direcção Regional do Turismo do Alentejo e o próprio Governo, invalide este Registo um atentado ao trabalho árduo de tantos alentejanos desde sempre. Como alentejana que sou, na minha família, o capote sempre foi um agasalho usado. Mais tarde entrou na moda e passou a ser adquirido por quem até essa altura n conhecia. Defendam o Património Português e o saber fazer do seu povo.
Eu acho que o Sr Eng. Tinha era futuro na politica, atendendo à sua formação moral. Mas isto está já tão entupido de artistas que enveredaram pela politica, há por lá engenheiros que fizeram carreira com muita fama e grandes proventos que deve ter achado que a área empresarial era melhor opção…
Daí, a creatividade manhosa permitiu-lhe criar ex-nihilo o look ” capote alentejano” que registou porque é um homem de engenho.
Assim, todos aqueles que fabricam o produto que lhe paguem….
Deus queira que nenhum quimico-esperto se lembre de patentear o oxigénio ou vamos ter também de pagar para podermos respirar.
Portugal continua a ser um país de grandes oportunidades para qualquer adiantado mental cuja moral enviesada não conheça limites…
È só oportunistas e “adiantados mentais” neste país sem semi-bancarrota.. Já não somos Monarquia mas nesta IIIa Républica (supostamente democratica mas, pasme-se,que o povo nunca validou e referendou) “só nos saem é duques”..
Conheço uma fulana que registou em plena cidade de Lisboa um prédio online por usocapião . Isto no confinamento. Tudo é possível neste país.. Nada é verificado….Daqui a uns anos vamos conhecer diversos roubos feitos durante os confinamentos. Para reverter a situação já lá vão umas boas lecas gastas
Acho que vou registar a invenção da roda…
um oportunista ladrão mesquinho, do que é nacional e é pertença cultural de todos os portugueses. se bem que o estado português também tem culpa ao permitir que existam regras que favoreçam o ladrão oportunista e não tivesse analisado e negado o pedido escroquiano do tal ladrão. é um ladrão da cultura portuguesa.