A gestação de um bebé requer uma enorme quantidade de energia. No entanto, até há pouco tempo, as exatas necessidades energéticas eram ilusórias.
Num estudo inovador publicado na revista Science, investigadores australianos quantificaram essas necessidades, revelando que uma gravidez humana requer cerca de 50.000 calorias alimentares ao longo de nove meses.
Isto equivale, por exemplo, ao consumo de cerca de 85 hambúrgueres Big Mac, um valor significativamente mais elevado do que o estimado anteriormente.
As descobertas desafiam os pressupostos anteriores de que a maior parte da energia na reprodução é armazenada no feto.
Contrariamente a esta crença, o estudo descobriu que a energia armazenada nos tecidos do bebé representa apenas cerca de 4% dos custos totais de energia da gravidez.
“O próprio bebé torna-se um erro de arredondamento”, observou o autor principal do estudo, Dustin Marshall, citado pelo jornal norte-americano The New York Times.
Para compreender os custos energéticos específicos da reprodução, a equipa de investigadores compilou dados da literatura científica existente, examinando a energia armazenada na descendência e as taxas metabólicas gerais das fêmeas grávidas. Mediram o consumo de oxigénio das mães durante a reprodução para estimar as suas taxas metabólicas, agregando dados de 81 espécies, desde insetos a cabras.
A análise revelou que os mamíferos de sangue quente, como os veados e os seres humanos, utilizam três vezes mais energia para a reprodução do que os animais de sangue frio de tamanho semelhante.
A descoberta mais surpreendente do estudo foi o facto de, em muitas espécies, os custos energéticos indiretos da gravidez – os utilizados para alimentar o corpo da mãe – excederem os custos energéticos diretos armazenados na descendência. Nos mamíferos, apenas cerca de 10% da energia gasta durante a gravidez sustenta diretamente o feto.
“Fiquei chocado”, confessou Marshall ao Times. “Voltámos às fontes muitas vezes porque parecia surpreendentemente elevado com base na expetativa da teoria”.
Estes resultados permitem compreender por que razão as fêmeas de mamíferos investem fortemente nos cuidados pós-natais. Tendo já despendido muita energia durante a gravidez, faz sentido assegurar a sobrevivência das crias através de cuidados dedicados.
“Já têm custos irrecuperáveis enormes no projeto”, explicou Marshall.
Tenho uma filha pequena (de quase um ano). E mais dois bebés a caminho ( praticamente oito meses). A energia é algo dinâmico…