O Supremo Tribunal inglês confirmou que o emir do Dubai e vice-presidente dos Emirados Árabes Unidos interferiu com a justiça britânica ao mandar espiar o telemóvel da ex-mulher através do programa Pegasus.
De acordo com a BBC, o presidente da Divisão de Família do Supremo Tribunal concluiu que “os telemóveis da Princesa Haya, de dois dos seus advogados, do seu assistente pessoal e de dois membros da sua equipa de segurança foram espiados ou alvos de tentativa de vigilância”. O Pegasus, da empresa israelita NSO, foi o software usado.
O tribunal concluiu que a vigilância foi levada a cabo “por empregados ou agentes do xeque Mohammed, emir do Dubai, e que a vigilância ocorreu com a sua autoridade expressa ou implícita” durante a luta pela custódia dos filhos do casal.
O juiz Andrew McFarlane disse que as conclusões do Supremo Tribunal representam um “abuso total de confiança” e um “abuso de poder” por parte de Mohammed bin Rashid al-Maktoum.
O emir do Dubai, que também é vice-presidente dos Emirados Árabes Unidos, negou qualquer conhecimento sobre esta vigilância e afirmou que as conclusões do tribunal inglês se baseiam em evidências que não foram do seu conhecimento e que foram “feitas de uma forma injusta“.
Por sua vez, a princesa Haya bint al-Hussein da Jordânia, sua ex-mulher, disse que esta descoberta a fez sentir-se “perseguida e assombrada“, cita a emissora britânica.
A batalha legal pela custódia dos filhos começou em 2019, quando a princesa da Jordânia fugiu com os dois para o Reino Unido, temendo pela sua segurança, depois de uma das filhas do emir, a princesa Latifa, ter tentado fugir. Desde então, afirmou a sua equipa legal ao tribunal, Haya “tem vivido com medo pela sua vida e pela segurança das crianças”.
A decisão do tribunal confirma parte da investigação levada a cabo por um consórcio internacional de órgãos de comunicação que denunciou que jornalistas, políticos, ativistas e dissidentes políticos em todo o mundo terão sido espiados graças ao software Pegasus.
A empresa israelita NSO é a responsável pela comercialização deste spyware que, inserido num smartphone, permite aceder a mensagens, fotografias, contactos e até ouvir as chamadas do seu proprietário.