“Em circunstância nenhuma” entrem nos túneis do Hamas, avisa ex-oficial israelita

U.S. Embassy Jerusalem / Flickr

Yair Golan, ex-vice-chefe do Estado-Maior das Forças Armadas israelitas (esq)

O ex-vice-chefe do Estado-Maior das Forças Armadas israelitas (IDF) Yair Golan alertou que “em nenhuma circunstância” os soldados devem entrar na rede de túneis em Gaza, no que seria “um erro grave”.

Numa entrevista transmitida hoje pela rádio do exército israelita, Yair Golan afirmou “não ser necessário entrar nos túneis” onde o Hamas se esconde e espera pelos soldados, mas que o mais adequado seria “encontrar as entradas e selá-las ou lançar fumo para que o inimigo se afaste”.

“Sob nenhuma circunstância lutem nos túneis, onde é impossível não sair ferido. Não se combate dentro dos túneis, combate-se a ameaça”, afirmou Golan, atualmente reformado e com ligações à política de esquerda de Israel.

Quando questionado se o Hamas é capaz de permanecer “para sempre” dentro da sua vasta rede de túneis subterrâneos, Golan garantiu que o exército “tem hoje a capacidade de lidar com os túneis com eficácia, com todos os meios e conhecimentos”.

Golan afirmou ainda que “a partir do momento em que as entradas para os túneis forem encontradas, as forças israelitas terão uma vantagem total”.

Quanto à questão dos 242 reféns detidos pelo Hamas, Golan mostrou-se cauteloso em relação a possíveis acordos para obter a sua libertação.

Inquirido sobre se seria a favor de um acordo em que os reféns fossem libertados em troca de uma passagem segura dos líderes do Hamas para o Irão, Síria ou outro lugar, o oficial afirmou que “seria bom demais para ser verdade caso fosse possível chegar a um acordo em que os líderes do Hamas partissem e os reféns fossem libertados”.

Na opinião de Golan, se fosse colocada a questão de que Israel estaria disposto a pagar um elevado preço pela libertação dos reféns, “a resposta seria sim”.

Quatro escolas da ONU atingidas por ataques

Quatro das escolas administradas pelas Nações Unidas na Faixa de Gaza que abrigam deslocados foram atingidas hoje por ataques durante o conflito entre Israel e o movimento islamita Hamas, informou a agência da ONU para os refugiados palestinianos.

A entidade disse que duas das escolas afetadas estão nos campos de refugiados de Jabaliya e Chati (norte) e outras duas em Boureij, mais a sul, e que os bombardeamentos deixaram 23 mortos.

Anteriormente, o Ministério da Saúde do território controlado pelo Hamas afirmou que pelo menos 27 pessoas foram mortas num ataque israelita perto de uma escola da ONU no campo de refugiados em Jabaliya.

Os corpos de 27 mártires foram recuperados e também há muitos feridos”, disse o porta-voz do ministério, Ashraf al-Qidreh, citado pela agência France Presse (AFP), que frisa que esta informação não pôde ser verificada imediatamente de forma independente.

Nas imagens da AFPTV, são visíveis numerosos corpos ensanguentados caídos no chão em frente à escola, onde se refugiaram muitos deslocados da guerra em curso no Médio Oriente.

O campo de refugiados de Jabaliya, o maior da Faixa de Gaza, já foi alvo de bombardeamentos mortíferos na terça e na quarta-feira. Segundo o governo do Hamas, 195 pessoas morreram nestes ataques, um número que não pôde igualmente ser confirmado.

A 15 quilómetros a sul de Jabaliya, no campo de refugiados de Boureij, outro bombardeamento israelita destruiu cerca de vinte casas, matando pelo menos 15 pessoas, segundo a Defesa Civil de Gaza.

Segundo o Ministério da Saúde do Hamas, 9.061 pessoas, incluindo 3.760 crianças, foram mortas na Faixa de Gaza desde o início da guerra com Israel, desencadeada pelo ataque sangrento do Hamas em 7 de outubro em solo israelita.

Estados Unidos e Israel contestam a veracidade dos números do Hamas, que consideram empolados para fins propagandísticos.

Exército elimina 130 combatentes do Hamas

O Exército israelita informou que as suas tropas mataram hoje mais de 130 militantes do movimento islamita palestiniano Hamas na Faixa de Gaza.

“Nas últimas horas, mais de 130 terroristas foram neutralizados”, anunciou o porta-voz do Exército, detalhando que os soldados atacaram por terra, ar e mar e destruíram vários complexos militares do Hamas.

“As tropas das Forças de Defesa de Israel continuaram a travar batalhas ferozes contra os terroristas do Hamas na Faixa de Gaza, enquanto localizavam armas e destruíam as infraestruturas terroristas e os complexos militares do Hamas”, acrescentou um comunicado militar.

O texto também destacou que as forças israelitas atacaram uma série de alvos do grupo palestiniano no enclave com caças e barcos lança-mísseis.

Entre os alvos, incluem-se “vários centros de comando e controlo militares usados por altos agentes terroristas do Hamas”, bem como “infraestruturas terroristas deliberadamente localizadas em áreas civis” e ainda complexos militares, edifícios carregados de explosivos e postos de observação do movimento.

O Exército explicou que as suas tropas no terreno, que continuam a lutar corpo a corpo e encontraram um número significativo de armas, colaboraram com a Força Aérea e a Marinha para realizar ataques conjuntos.

“Avançámos para outra fase importante da guerra. As forças estão no coração do norte de Gaza, operando na Cidade de Gaza, cercando-a”, disse Halevi num comunicado de imprensa.

“As forças combatem numa zona urbana densa e complexa, que exige combate profissional e coragem”, acrescentou o comandante militar, que explicou que “as forças terrestres são acompanhadas por informações precisas, com fogo do ar e do mar”.

Halevi destacou ainda o “preço doloroso e difícil” dos combates, que já deixaram 18 soldados israelitas mortos, um deles um tenente-coronel abatido hoje, segundo os últimos dados divulgados pelo Exército.

O Exército israelita anunciou também ter “completado o cerco à cidade de Gaza”, uma semana após o início da sua operação terrestre no território palestiniano da Faixa de Gaza.

“Os nossos soldados completaram o cerco à cidade de Gaza, o centro da organização terrorista Hamas”, declarou em conferência de imprensa o porta-voz do Exército israelita, Daniel Hagari.

O conceito de um cessar-fogo não está em cima da mesa”, acrescentou o responsável militar, sobre a guerra entre Israel e o movimento islamita palestiniano Hamas, desde 2007 no poder na Faixa de Gaza, desencadeada a 7 de outubro por um ataque de dimensões sem precedentes do Hamas a território israelita.

Esse ataque fez mais de 1.400 mortos, na maioria civis, e mais de 200 reféns e originou uma retaliação em força do Exército israelita, com bombardeamentos diários ao norte daquele enclave palestiniano pobre controlado pelo Hamas.

ZAP // Lusa

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