Já ardeu o equivalente a metade da área de Portugal continental — entre 1980 e 2021

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Nuno André Ferreira / Lusa

Arderam mais de quatro milhões de hectares nas últimas décadas, sendo que só em 2022 já arderam mais de 50 mil hectares, mais do que o total do ano passado.

Segundo a Associação Portuguesa de Ciência de Dados para o Bem Social (DSSG PT), que organizou um projeto voluntário e reuniu dados públicos, entre 1980 e 2021, ardeu o equivalente a 55% da área de Portugal continental em incêndios florestais.

Ardeu mesmo muito“, realça Nadiia Basos, cientista de dados que desenvolveu a maior parte deste projeto. No caso de 2003 ou 2017, a mancha resultante da área ardida é ainda maior, segundo noticia o Público.

Arderam 4,86 milhões de hectares em quase 42 anos, segundo os dados do projeto, o equivalente a 48.583 quilómetros quadrados — mais de metade dos 92 mil quilómetros quadrados correspondentes à área de Portugal.

Há áreas que nunca sofreram incêndios florestais e outras que arderam mais do que uma vez, mas em alturas diferentes, ou seja, não significa que metade de Portugal tenha ardido. Os dados vão de 15 de janeiro de 1980 a 15 de setembro de 2021.

Os dados do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) e da Proteção Civil estão disponíveis para qualquer pessoa, mas estão “espalhados por todo o lado”, explica Nadiia Basos, natural da Ucrânia.

Alguns dados também tinham palavras e formatos diferentes. “Agora continuam abertos, mas mais organizados“, acrescenta Basos.

O projeto criou ainda um mapa interativo que permite ver a evolução da área ardida por concelho, em cada mês de cada ano.

Em junho de 2017 é possível ver os 30 mil hectares que arderam nos incêndios de Pedrógão Grande durante esse mês, e que causaram dezenas de mortes.

Em outubro de 2017 também são vários os hectares ardidos em território nacional, sobretudo no Centro, correspondendo aos grandes incêndios que devastaram milhares de hectares e causaram também a morte a dezenas de pessoas.

A associação teve como objetivo facilitar a compreensão do fenómeno dos incêndios florestais, permitindo “novas observações que informem a estratégia de combate aos incêndios”, segundo um comunicado.

A DSSG PT é uma comunidade aberta que reúne centenas de voluntários com interesse na ciência de dados e bem social, que também criou um repositório com os dados da covid-19 em Portugal e analisou outros indicadores.

O primeiro passo neste caso foi recolher os dados. Foram usados os dados do ICNF, que já tinham sido organizados por um repositório de dados de acesso aberto em Portugal, chamado Central de Dados, e da Proteção Civil.

Na análise feita, os fogos que tinham origem doméstica, industrial ou urbana foram eliminados, bem como os fogos em áreas muito pequenas, explica Nadiia.

ZAP //

1 Comment

  1. Os fogos em Portugal estão mesmo institucionalizados como uma prática empresarial com a cumplicidade do governo e total impunidade judicial.
    Os grandes empresários da madeira pagam umas notas para o maluquinho lá terra meter os fogos. Eles nunca são apanhados porque controlam a justiça. Se alguém for apanhado é o maluquinho lá da terra. O governo e o presidente são obviamente cúmplices de tudo o que se passa pois têm trabalhado para isso.

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