Em 2026 haverá excesso de médicos de família (ou não)

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O Ministério da Saúde diz que, em 2026, todos os portugueses terão médico de família, prevendo até que haverá excesso desses profissionais. Mas o Sindicato Independente dos Médicos desconfia desta previsão, em tempo de eleições.

Com quase uma década de atraso (e já fora da sua governação), há uma promessa de António Costa que, de acordo com o Ministério da Saúde, vai ser cumprida: todos os portugueses terão médico de família – mas só em 2026.

Em 2016, o primeiro-ministro prometeu que, no ano seguinte, cada português teria um médico de família atribuído.

O que é certo é que, em 2024, nem o candidato socialista ao seu trono tem esse “privilégio”.

2023 terminou com 1.711.982 portugueses sem médico de família atribuído, e Pedro Nuno Santos admitiu ser um deles.

Mas, ao que o jornal Público conseguiu apurar, em 2026, esse problema estará totalmente resolvido. O matutino refere que Portugal não só terá capacidade de dar resposta a todos os cidadãos, como terá excesso de médicos de famílias.

Os dados do Ministério da Saúde revelam que, depois de muito anos de carência neste ramo, com muitas aposentações, 2025 será o ano de viragem.

Afinal, António Costa tinha razão, estava tudo bem encaminhado para o Serviço Nacional de Saúde (SNS) conseguir dar um médico de família a cada português – só que com nove anos de atraso.

“A partir de 2026, teremos superavit de médicos de família. No estudo feito com maior rigor nos últimos anos previa-se que isso iria acontecer a partir de 2022, 2023, e por isso até se disse que o número de médicos a entrar na especialidade [de medicina geral e familiar] se devia reduzir“, explicou ao Público João Rodrigues, coordenador do último grupo de trabalho para planear a reforma dos cuidados de saúde primários, em 2019.

A generalização das unidades de saúde familiar (USF) modelo B também é vista como fundamental para o direito de cada cidadão ter médico de família.

Mas cautela à tutela…

À rádio Antena 1, o presidente do Sindicato Independente dos Médicos (SIM) diz que é preciso ter prudência nestas previsões, especialmente em tempo de eleições.

“Essa ideia vinda uma semana antes das eleições tem de ter alguma prudência na sua análise. Nós não sabemos ainda quantos médicos vão rescindir com o SNS, nem sabemos se os jovens médicos especialistas se sentirão suficiente atraídos para inverter a tendência que tem acontecido nos últimos anos de 40% a 50% das vagas ficarem por ocupar”, explicou Jorge Roque da Cunha.

Por seu turno, o presidente da Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar também olhou “de lado” para estas previsões, sublinhando que o problema da falta de médicos só se resolve se a profissão for mais atrativa.

“Temos de garantir os colegas que vão formando vão ficando no SNS. Esse tem sido um dos grandes problemas. Se não tivermos capacidade de os fixar no SNS não vamos ter médicos excedentes”, previu Nuno Jacinto.

Miguel Esteves, ZAP //

2 Comments

  1. Entre tanto , enquanto se espera por esse “milagre” , en 2026 , talvez já não sejam precisos assim tantos Médicos no SNS . A taxa de mortalidade por falta de cuidados atempados no SNS vai aumentando (silenciosamente , sigilosamente) , Só quem se pode dar ao luxo de recorrer a Medicina Privada , é que ainda vai tendo alguma sorte !

  2. “Excesso de médicos de familua em 2026”!
    Um “problema” que Pedro Nuno Santos terá que enfrentar, disse António Costa em tom jocoso., a encerrar o discurso.

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