Meio século antes do ChatGPT, tínhamos ELIZA. O primeiro chatbot do mundo, “Doutor” psicoterapeuta, voltou do mundo dos mortos, 60 anos depois.
ELIZA, o primeiro chatbot do mundo, está de volta do mundo dos “mortos”, 60 anos depois.
Numa nostálgica homenagem à história da Inteligência Artificial, uma equipa de programadores ressuscitou o inovador programa que foi batizado em homenagem a Eliza Doolittle de Pygmalion.
O código original do ELIZA tinha sido considerado perdido com a evolução das linguagens de programação, até que em 2021, Jeff Shrager, entusiasta da IA, e Myles Crowley, arquivista do MIT, descobriram uma cópia completa do código fonte nos documentos de Weizenbaum, segundo o Tech Xplore.
Com a autorização do espólio de Weizenbaum, uma equipa liderada por Shrager reconstruiu meticulosamente o programa, num processo envolveu a limpeza e a depuração do código, a instalação de pilhas de emuladores e até o desenvolvimento de novas funções para substituir os componentes em falta, de acordo com artigo publicado no arXIV a 12 de janeiro.
Desenvolvido na década de 1960 por Joseph Weizenbaum no MIT, com o objetivo de explorar a comunicação entre humanos e máquinas, ELIZA, considerada a base para os sistemas de IA modernos, simulava conversas humanas com técnicas simples de processamento de linguagem natural, baseando-se em guiões pré-programados que analisavam as palavras do utilizador e, a partir delas, geravam respostas automáticas.
O programa tornou-se famoso pelo seu guião psicoterapeuta Rogeriano, o “Doutor”, que refletia as declarações dos utilizadores, encorajando a auto-exploração. Alguns utilizadores relatavam confundir o programa com um verdadeiro terapeuta.
Por exemplo, se alguém escrevesse “estou triste”, ELIZA poderia responder “por que estás triste?” — embora de forma muito mais rudimentar do que um chatbot atual.
ELIZA podia por vezes revelar verdades que as pessoas evitavam enfrentar. A sua influência persiste na IA atual, embora os sistemas modernos tenham ultrapassado as suas capacidades — por vezes de forma controversa, dado o seu potencial de desinformação.
O “novo” ELIZA (que já pode ser descarregado, aqui) mantém-se fiel às suas origens: tem respostas quase idênticas às do original, mas os investigadores encontraram algumas gralhas no programa reanimado, como a sua incapacidade de processar números sem falhar.