A Polónia mudou – e quem ganhou sabe que não deve conseguir formar Governo

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Piotr Nowak/EPA

Donald Tusk celebra resultados nas eleições legislativas

Outra geringonça de esquerda. Donald Tusk declarou vitória nas eleições: “Nunca fiquei tão feliz por um segundo lugar”.

Começam a acumular-se os casos políticos na Europa em que o vencedor nas eleições não ganha mesmo: o partido mais votado não forma Governo depois.

Na Polónia, tudo indica que isso também vai acontecer em 2023.

Nas eleições legislativas realizadas na noite passada, para já, só há projecções. A contagem de votos demora e, ao início da manhã seguinte, só 11% dos resultados tinha sido confirmado.

A sondagem à boca das urnas, divulgada pela tvn24 e preparada pela Ipsos, coloca no primeiro lugar o partido no poder, Lei e Justiça (PiS), com 36,8% dos votos. Seriam 200 deputados, num total de 460.

A Confederação Liberdade (extrema-direita) parecia lançada para uma percentagem considerável, para o terceiro lugar, e podia viabilizar um executivo do PiS, mas fica-se pelo quinto posto e não irá além dos 6,2% e de 12 deputados.

Os dois partidos de direita, juntos, devem conseguir 212 deputados, ainda longe dos 231 necessários para maioria absoluta.

A Plataforma Cívica (PO) tem 31,6% e 163 lugares, à frente da Terceira Via (conservadores), com 13% e 55 lugares, e do Lewica (Esquerda), com 8,6% e 30 mandatos.

Ou seja, prevê-se outra “geringonça” de esquerda com Plataforma Cívica, Terceira Via e Esquerda – que, juntos, chegam aos 248 deputados.

Por isso, Donald Tusk afirmou na noite passada: “Hoje podemos dizer que é o fim de uma era. É o fim da liderança do PiS. A Polónia venceu. A democracia venceu. Nós expulsámo-los do poder”.

“Nunca fiquei tão feliz por um segundo lugar”, continuou o antigo primeiro-ministro da Polónia e ex-presidente do Conselho Europeu.

Jarosław Kaczyński, líder do PiS, comentou que a vitória do seu partido é “um grande sucesso para a nossa formação e para o nosso projeto para a Polónia”.

Mas sabe que dificilmente vai formar Governo: “”A questão que permanece é se este sucesso se vai reflectir num novo Governo nosso – e isso ainda não sabemos.

O líder dos conservadores populistas assegurou: “Não vamos permitir traições à Polónia, nem que a Polónia perca o que há de mais valioso na nação: a sua independência”.

Referendo sem decisões

Este domingo, em simultâneo com as legislativas, foi dia de referendo. Mas sem decisões na prática: 40% dos eleitores responderam e era preciso pelo menos 50% para o referendo ser vinculativo.

As quatro possíveis aprovações seriam: a venda de empresas estatais a entidades estrangeiras, o aumento da idade de reforma para 67, o fim das barreiras na fronteira com a Bielorrússia e a admissão de migrantes do Médio Oriente e de África de acordo com a “burocracia europeia”.

Tudo foi rejeitado – sempre acima dos 96% – mas sem qualquer consequência na Lei da Polónia.

ZAP //

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