Com o desenvolvimento das cidades e com a sensibilidade que a sociedade começa a ter com o meio ambiente, cada vez mais as pessoas recorrem à utilização de e-scooters, ou trotinetes elétricas.
Este aumento de procura deve-se à facilidade de utilização deste meio de transporte, uma vez que basta ter acesso a um smartphone para o usar e pode ser estacionado em qualquer lugar.
Apesar dos benefícios que este equipamento traz à vida das pessoas e do meio ambiente, estudos revelam que o número de internamentos por acidente com e-scooters tem vindo a aumentar e indicam que estas causam mais lesões do que bicicletas, carros ou até motociclos.
Joann Elmore, professora de medicina da Universidade da Califórnia, Los Angeles (UCLA), afirma que “existem milhões de utilizadores a usar scooters, por isso é mais importante do que nunca entender o seu impacto na saúde pública”.
Em 2019, a professora foi autora de um estudo pioneiro que detalha os tipos de lesões causadas por e-scooters, mostrando que normalmente se trata de fraturas e lesões na cabeça que requerem tratamento hospitalar. O estudo foi publicado na PLOS One em abril.
Um outro estudo, publicado em 2020 no JAMA Surgery, aponta que as lesões anuais devido a acidentes com e-scooters nos Estados Unidos aumentaram de 4.582 casos, em 2014, para 14.651, em 2018, quando este meio de transporte se tornou mais conhecido e usado.
O estudo revela que cerca de um terço destas lesões são ferimentos na cabeça, traduzindo- se em internamentos hospitalares que aumentaram de 313 para 1.374 no mesmo período.
“Lesões relacionadas com as e-scooters: uma nova epidemia em ortopedia”, um outro estudo de 2021, deu conta de que dos 397 pacientes que se apresentaram na urgência, durante um ano, apenas 19 usavam capacete no momento do acidente, sendo que 25% dos casos precisaram de ser operados.
No mesmo ano, outra publicação refere que em cada 100 mil viagens, resultam de 20 a 25 idas às urgências.
Como é que os riscos das e-scooters se comparam com outras formas de transporte? Foi esta a questão que Joann Elmore e a sua equipa da UCLA pretenderam ver respondida.
Os autores do estudo analisaram 1.354 pessoas feridas em acidentes com e-scooters, com base em milhas percorridas por veículos, entre 2014 e 2020, que precisaram de tratamento hospitalar, em Los Angeles. De referir que esse número inclui peões que foram atropelados pelas e-scooters ou tropeçaram nelas nas ruas.
A taxa observada de lesões provocadas por e-scooters com base em milhas percorridas por veículo foi, aproximadamente, 175 a 200 vezes maior do que a taxa de lesões específicas por estado ou município para viagens de veículos motorizados.
“A descoberta de que a taxa de lesões causadas por e-scooters é semelhante à taxa de lesões provocadas por motociclos é surpreendente”, disse Elmore. Operadores de e-scooters, cidades e prestadores de serviços de saúde continuarão a ver um número significativo de lesões a cada ano”.
Contudo, há um dado a ter em atenção. Embora as e-scooters possam causar lesões graves, não circulam a uma velocidade tão grande como os motociclos. Um estudo da UCLA indica que dos 21 pacientes internados nos cuidados intensivos, apenas dois morreram.
Kimon Ioannides, autor do estudo, disse que “é importante notar que as lesões devido a acidentes com e-scooters podem ser menos graves e menos fatais do que as lesões causadas por motociclos, mas ainda achamos que a nossa taxa de lesões devido às e-scooters é subestimada”.
Uma estupidez, no meio dos passeios, à frente de garagens, ao pé de caixotes, de carros das pessoas… lixo!