Agora assédio sexual. Mais um duro golpe no governo de Pedro Sánchez

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Party of European Socialists / Flickr

O primeiro-ministro de Espanha e líder do Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE), Pedro Sanchez.

Um aliado próximo do primeiro-ministro espanhol demitiu-se do seu cargo no Partido Socialista, após alegações de assédio sexual, juntando mais uma controvérsia ao rol de escândalos de corrupção que assolam o governo de Pedro Sánchez — que reconhece “dias difíceis”, mas não se demite.

O deputado socialista Francisco Salazar demitiu-se dos seus cargos no PSOE após alegações de assédio sexual — num novo golpe para o Partido Socialista de Espanha, apenas semanas depois de uma série de escândalos de corrupção ter eclodido.

Segundo uma declaração emitida pelo PSOE, o dirigente socialista, aliado do primeiro-ministro espanhol Pedro Sánchez, pediu que as alegações fossem investigadas.

O partido adiantou que irá dar imediatamente início a uma investigação, mas que não foram feitas queixas oficiais.

As alegações de assédio sexual foram inicialmente divulgadas no El Diario, que detalha que Salazar fez comentários inadequados sobre a roupa e o corpo de uma subordinada — que terá convidado para jantar a sós e a quem terá pedido que dormisse em sua casa.

Este incidente, diz o Politico, é um novo golpe para Sánchez e atrapalha o esforço que o primeiro-ministro espanhol tem feito para dissipar os efeitos dos escândalos de corrupção que nas últimas semanas assolaram o seu governo.

Após a divulgação da notícia, Sánchez apelou a que qualquer mulher que sofra abuso sexual o denuncie através dos canais oficiais do partido — sem mencionar diretamente Salazar, nota a Reuters.

No mês passado, Sánchez, que lidera um governo de coligação minoritária, pediu desculpas publicamente pelos escândalos de corrupção no seu partido, que atingiram figuras seniores do PSOE.

A dimensão destes escândalos pode colocar realmente em risco pela primeira vez a sobrevivência política do primeiro-ministro, segundo opinião unânime de analistas e de vozes internas do partido socialista.

O principal partido da oposição, o Partido Popular, de centro-direita, acusou Sánchez de ser um “capo” a liderar uma administração “mafiosa”, enquanto protestos em Madrid organizados pelo PP no mês passado atraíram dezenas de milhares de pessoas.

O maior golpe na credibilidade do governo ocorreu na segunda-feira, quando o ‘número três’ do PSOE e um dos braços direitos de Sánchez, Santos Cerdán, ficou em prisão preventiva, num caso de suspeita de corrupção que envolve também um antigo ministro de Sánchez e ex-dirigente do partido, José Luis Ábalos.

Cerdán e Ábalos foram dois dos homens mais próximos de Sánchez na sua corrida à liderança do PSOE, que conquistou em 2014, e do Governo. Sánchez tornou-se primeiro-ministro pela primeira vez em 2018.

Santos Cerdán foi também o dirigente socialista que negociou a lei de amnistia com os independentistas catalães que possibilitou a reeleição de Sánchez como primeiro-ministro, em novembro de 2023.

Na investigação policial foram ainda apreendidas gravações de conversas telefónicas de Ábalos com um assessor relativas a mulheres, que Sánchez qualificou este sábado como repugnantes e contrárias aos “princípios e valores” do PSOE e do Governo, que se define como feminista.

Este sábado, Pedro Sánchez reconheceu que o Governo e o Partido Socialista espanhóis vivem “dias difíceis” por causa de suspeitas de corrupção, mas reiterou a intenção de prosseguir nos cargos e não se demitir.

“Estou plenamente consciente de que estão a ser dias difíceis para todos, sem dúvida alguma, para o Governo de Espanha e para a militância do partido”, disse Pedro Sánchez, no arranque de uma reunião da comissão federal do PSOE, em Madrid.

O primeiro-ministro espanhol diz sentir a responsabilidade de continuar à frente do Governo porque a alternativa é uma “coligação de ultra direita” formada pelo Partido Popular (PP) e pelo Vox, que governam ou já governaram juntos nos últimos dois anos em municípios e governos regionais.

Sánchez realça, por outro lado, o bom desempenho da economia espanhola nos últimos anos, e considera haver reconhecimento internacional do trabalho do executivo a nível de política externa.

Estamos conscientes de que a deceção é grande, mas a responsabilidade de Espanha continuar a avançar é ainda maior”, afirmou, depois de ter de novo pedido desculpas aos espanhóis e aos militantes socialistas por se ter enganado e depositado confiança em pessoas “que não mereciam”.

O líder do PSOE enfrenta no entanto críticas dentro do próprio partido — sendo uma das de maior peso a do presidente do Governo regional de Castela La Mancha, Emiliano García Page, que este sábado, após o discurso de Sánchez, pediu que o primeiro-ministro se submetesse a uma moção de confiança no parlamento.

“A crise atual, em termos de corrupção, é a mais grave da história do PSOE“, disse Emiliano García Page.

ZAP // Lusa

6 Comments

    • Caro leitor,
      Obrigado pelo reparo.
      Conforme se lê no texto, “a dimensão destes escândalos pode colocar realmente em risco pela primeira vez a sobrevivência política do primeiro-ministro, segundo opinião unânime de analistas e de vozes internas do partido socialista”.
      No entanto, a expressão “moribundo” não é usada no texto, pelo que foi removida do título.

    • Sanchez, tornou-se inconveniente, e uma das últimas inconveniencias, foi recusar os 5% do PIB que exigem os gulosos da NATO, ou quem os representa. E quando não és subserviente… danças.

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      • O que é que a Nato tem a ver com os escandalos e a corrupção no PSOE?
        O Sanches só está a bater o pé para não perder o apoio da esquerda e a frágil maioria.

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