Duas plantas parasitas forçam as suas vítimas a dar-lhes de jantar

Xiaoli Chen, BGI Research, Nature Plants

Espécimen de Balanophora

Duas espécies de plantas parasitas manipulam os seus hospedeiros, induzindo-os a desenvolver evoluir órgãos únicos — destinados a armazenar nutrientes.

Segundo um estudo publicado esta quinta-feira na Nature Plants, certas plantas parasitas estão a evoluir para se tornarem mais dependentes das suas plantas hospedeiras.

Esta evolução permite mesmo que as plantas parasitas prescindam de processos básicos como a fotossíntese, perdendo grande parte dos seus genes relacionados estas funções.

No decorrer do estudo, investigadores do Instituto de Genómica de Pequim (BGI) e da Universidade da Colúmbia Britânica examinaram dois tipos de plantas parasitas — Balanophora e Sapria.

A Balanophora, encontrada na Ásia e na África tropical, desenvolveu um método único de parasitismo.

Ao contrário de outras plantas parasitas, que roubam diretamente nutrientes dos seus hospedeiros, a Balanophora induz o sistema vascular da planta hospedeira a crescer e formar um tubérculo subterrâneo para armazenar nutrientes. Estes tubérculos servem então como fontes de alimento para as plantas parasitas.

O estudo comparou os genomas da Balanophora com outro género de planta parasita, a Sapria, encontrado nas florestas tropicais da Ásia. Ambos os tipos de plantas perderam uma percentagem significativa dos seus genomas ao longo do tempo — 28% para a Balanophora e 38% para a Sapria, o mais alto registo conhecido de perda de material genético entre as plantas com flores.

Apesar das suas diferentes histórias evolutivas e aparência, tanto a Balanophora como a Sapria perderam quase todos os genes associados à fotossíntese, à absorção de azoto, ao desenvolvimento de raízes e à regulação da floração.

Esta evolução sugere que tais genes se tornaram funcionalmente desnecessários, à medida que o comportamento parasita das plantas evolui.

“A maior parte dos genes perdidos pela Balanophora estão provavelmente relacionados com funções essenciais em plantas verdes, que se tornaram funcionalmente inúteis nas parasitas”, explica Sean Graham, investigador da Universidade da Colúmbia Britânica e co-autor do estudo, em nota de imprensa.

Curiosamente, ambos os tipos de plantas também perderam genes relacionados com a síntese de ácido abscísico (ABA), hormona importante responsável pelas respostas ao stress nas plantas.

Segundo os autores do estudo, estas descobertas aprofundam o entendimento das alterações genómicas em plantas parasitas e poderá ter implicações para o entendimento da evolução genética das suas linhagens, auxiliando futuras pesquisas em genética vegetal e relações simbióticas.

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