(dr) Netflix
Se tem medo do escuro, a partir de hoje pode ter ainda mais receio de dormir com a televisão ligada. A exposição à luz artificial durante o sono pode ser um fator de risco para ganhar peso e desenvolver obesidade.
Uma noite mal dormida já surgiu várias vezes relacionada ao ganho de peso ou até mesmo à obesidade, mas isso, por si só, não explica as associações entre a exposição à luz artificial durante o sono e o aumento de peso.
“Os seres humanos são geneticamente adaptados a um ambiente natural composto por luz solar durante o dia e escuridão à noite”, explicou o coautor do artigo científico, Chandra Jackson, citado pelo Sci-News. “A exposição à luz artificial durante a noite pode alterar as hormonas e outros processos biológicos de forma a aumentar o risco de condições de saúde, como a obesidade.”
O estudo analisou mulheres, com idades compreendidas entre os 35 e os 74 anos, dos Estados Unidos e Porto Rico, entre julho de 2003 e março de 2009. Foi analisado um total de 43.722 mulheres sem historial de doenças cancerígenas ou cardiovasculares, que não eram trabalhadoras por turnos nem estavam grávidas no arranque do estudo.
Entre as várias perguntas que a equipa fez às voluntárias, os cientistas queriam saber se as participantes dormiam sem luz, com uma pequena luz noturna, com luz fora do quarto ou com a luz da televisão ligada. Os resultados foram publicados no passado dia 10 de junho na JAMA Internal Medicine.
Usando as informações que recolheram no início do estudo, como peso, altura ou medidas de cintura, os cientistas conseguiram estudar o ganho de peso nas mulheres expostas à luz artificial durante a noite e compararam com os ganhos obtidos pelas mulheres que dormiam num quarto completamente escuro.
Os resultados variaram com o nível de luz artificial durante a exposição noturna. Por exemplo, usar uma pequena luz noturna não estava associado ao ganho de peso, enquanto que as mulheres que dormiam com luz ou a televisão ligada tinham 17% mais probabilidade de ganhar 5 kg ou mais durante o período de acompanhamento. Já a associação com a luz vinda de fora do quarto revelou-se mais modesta.
Jackson evidenciou o facto de muitas pessoas viverem em ambientes urbanos e de esse pormenor influenciar os seus hábitos noturnos, uma vez que a presença de luz à noite é mais comum e deve ser, de igual forma, considerada. “A iluminação pública pode suprimir a hormona do sono, a melatonina, e o ciclo natural de 24 horas de luz e escuridão dos ritmos circadianos.”
Além disso, as dietas de alto teor calórico e comportamentos sedentários devem ser tomados em consideração, até porque têm sido os fatores mais citados pelos cientistas para explicar o contínuo aumento da obesidade, explicou Yong-Moon Park, principal autor do artigo científico.
“Este estudo destaca a importância da luz artificial durante a noite e dá às mulheres que dormem com luzes ou com a televisão ligada uma forma de melhorar a sua saúde”, rematou o cientista.
