Três detidos por atear fogo que matou homem no Porto. Um deles é o dono do prédio

A Polícia Judiciária anunciou a detenção de três homens suspeitos de serem os alegados autores de dois incêndios que destruíram um prédio na Rua Alexandre Braga, na zona do Mercado do Bolhão, na baixa do Porto, a 2 de março.

O fogo provocou a morte a um dos residentes – um homem de 50 anos – e desalojou várias pessoas. Foram ainda hospitalizadas cinco vizinhos por inalação de fumos e a residência – um prédio de quatro andares na Rua Alexandre Braga, no Porto – ficou destruída.

Em comunicado, as autoridades esclarecem que os detidos têm idades compreendidas entre os 20 e os 40 anos, dois deles são de nacionalidade portuguesa e têm antecedentes criminais. De acordo com o Público, ambos estarão ligados a episódios de violência e ao tráfico e consumo de drogas. Um deles trabalha numa discoteca portuense.

Entre os detidos está o proprietário do prédio, um empresário de nacionalidade chinesa e detentor de um Visto Gold, gerente da imobiliária Alvorada Oasis, com sede em Gaia, confirmou a PJ à SIC. O crime terá tido como motivações a pressa em revender o imóvel e a recusa dos moradores em abandonar a casa.

“Na madrugada do dia 2 de março de 2019, os detidos terão provocado a ignição, em três pontos distintos das escadas, painéis e suportes em madeira de acesso ao terceiro andar, do prédio onde vivia uma octogenária com os seus filhos, vindo a provocar a morte de um deles. Dias antes, os mesmos autores já teriam provocado uma ignição no mesmo prédio, contudo esta não teve desenvolvimento, por razões alheias à sua vontade”, afirmam as autoridades.

As suspeitas de fogo posto surgiram pouco depois do incêndio neste prédio. O tema chegou à Assembleia Municipal do Porto a 11 de março, com o presidente da câmara a afirmar que seria “absolutamente terrível” se se confirmarem as suspeitas de mão criminosa. “É uma catástrofe que podia ter tido outra dimensão. Vitimou uma pessoa e eu só digo que espero que não seja verdade.”

Uns dias antes, foram divulgados relatos de senhorios que contratavam “capangas” para intimidarem os inquilinos, sobretudo idosos, para abandonarem as respetivas habitações, existindo mesmo ameaças de morte.

Fonte da PJ sublinhou esta sexta-feira ao Público que este foi um caso isolado e que a Judiciária não está a investigar mais nenhum incêndio com contornos semelhantes.

Os três homens são suspeitos da prática dos crimes de incêndio urbano agravado, homicídio e coação agravada, e vão ser presentes à competente autoridade judiciária para primeiro interrogatório judicial e aplicação das adequadas medidas de coação.

As detenções ocorreram após uma vasta operação de buscas que começou logo na manhã de quinta-feira e que permitiu à PJ apreender vários equipamentos eletrónicos, nomeadamente telemóveis e computadores, que serão alvo de perícias.

ZAP //

Deixe o seu comentário

Your email address will not be published.