Donald Trump já não vai mandar prender Hillary Clinton

Peter Foley / EPA

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O Presidente eleito dos Estados Unidos não vai nomear um procurador especial para investigar o caso dos emails da antiga rival democrata, tal como prometeu durante toda a campanha eleitoral.

O anúncio desta decisão foi feito pela conselheira do Presidente eleito, Kellyanne Conway, esta terça-feira, avança a BBC.

Hillary Clinton ainda tem de enfrentar o facto da maioria dos americanos não a achar honesta ou confiável. Se Donald Trump a pode ajudar a melhorar, talvez seja uma coisa boa a fazer”, afirmou em entrevista ao canal televisivo MSNBC.

O republicano vai assim quebrar uma das promessas que fez durante toda a campanha eleitoral, na qual prometia nomear um procurador especial para investigar o caso dos emails da antiga rival enquanto secretária de Estado.

No segundo debate entre os dois candidatos, Donald Trump chegou mesmo a atirar à democrata que, caso ganhasse as eleições, era provável que viesse a ser presa.

Os apoiantes do magnata do setor imobiliário, que está prestes a tornar-se 45º Presidente dos EUA, apoiavam esta ameaça a Clinton, chegando mesmo a entoar várias vezes o cântico “Lock Her Up” (“prendam-na” traduzido em português) nos comícios.

O diretor do FBI, James Comey, deu um abanão nas Presidenciais americanas quando, a poucos dias das eleições, anunciou uma segunda investigação ao caso. Posteriormente, o responsável afirmou que não tinha encontrado quaisquer irregularidades.

Dias depois das eleições, a ex-Primeira-Dama e esposa de Bill Clinton terá culpado Comey pela derrota.

“Há muitas razões pelas quais uma eleição como esta não é bem sucedida”, explicou durante uma conferência telefónica com a comissão de finanças da campanha e doadores, citada por um dos participantes.

“A nossa análise é que as dúvidas levantadas pela carta do diretor do FBI, James Comey, eram infundadas e travaram a campanha” na reta final.

Trump recusa-se a repetir promessa de que EUA vão abandonar Acordo de Paris

Duas semanas depois de ter sido eleito presidente dos Estados Unidos, Donald Trump já se recusa a repetir a promessa, feita na campanha eleitoral, de abandonar o acordo internacional sobre o clima alcançado no ano passado em Paris.

Em entrevista ao New York Times, em vez de repetir que vai abandonar o acordo, afirmou ter a “mente aberta” para estudar o assunto, dizendo também que o ar limpo e “água cristalina” são de vital importância para o mundo.

O acordo de Paris foi assinado por mais de 200 países em dezembro de 2015 com o objetivo de reduzir os gases de efeito estufa e assegurar que o aumento da temperatura média global se mantenha em menos de 2 graus Celsius acima dos níveis pré-industriais. O acordo de Paris também pede que as nações façam um esforço para manter essa elevação da temperatura a 1,5 grau Celsius.

Na entrevista ao NYT, Trump abandonou outras promessas de campanha, confirmando que não iria processar Hillary Clinton pelo uso de documentos oficiais no e-mail privado da ex-candidata e anunciando ainda que não tem mais certeza se torturar suspeitos de terrorismo é uma boa ideia, como tinha dito na campanha.

“A tortura não vai fazer o tipo de diferença que muita gente julga que faz”, acrescentou Trump, depois de ter feito campanha com a promessa de recorrer a tortura no combate ao terrorismo.

Donald Trump também procurou distanciar-se das ideias do pequeno movimento de extrema-direita que atende pelo nome de Alt Right (direita alternativa), um grupo conhecido por ter um discurso racista e anti-semita que comemorou a vitória de Donald Trump nas eleições.

O presidente eleito afastou também a necessidade de se desfazer da sua participação em empresas imobiliárias, apesar dos crescentes questionamentos da imprensa sobre como os negócios globais podem representar conflitos de interesses na tomada de decisões do novo presidente como líder do poder executivo da nação.

Apesar de Trump ter voltado atrás em várias promessas de campanha, a imprensa dos Estados Unidos mantém-se cética quanto à opinião do presidente eleito. Segundo o jornal The Washington Post, o presidente eleito tem um histórico de “fazer declarações inconsistentes com as anteriores, o que significa que é incerto se qualquer das posições que passou a defender esta terça-feira” tenha continuidade no futuro.

ZAP / ABr

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