Uma pesquisa indica que 68% dos adolescentes em Portugal já foram vítimas de bullying e que 64% admitem já ter praticado atos violentos ou abusivos.
Uma recente investigação da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD) revela que a violência interpessoal nas escolas portuguesas atingiu níveis preocupantes. Segundo o estudo, 68% dos adolescentes em Portugal já foram vítimas de comportamento agressivo na escola, enquanto 64% admitem ter praticado algum ato violento.
O estudo fez parte do programa PREVINT e envolveu 7139 jovens, de ambos os sexos, com idades entre 12 e 18 anos. A pesquisa abrangeu escolas do ensino básico e secundário de Portugal Continental e dos Açores. Dos alunos que participaram, 4837 revelaram ter sido vítimas de agressão, enquanto 4634 admitiram ter praticado violência.
Ricardo Barroso, investigador da UTAD que coordena o estudo, esclarece ao DN que os atos de agressão ocorrem de forma transversal em todos os anos de escolaridade e ambos os sexos.
A agressão psicológica foi a mais reportada (92%), seguida pela agressão física (82%). Outros dados alarmantes indicam que 62% dos jovens já foram vítimas de algum tipo de controlo e 58% estão associados a casos de cyberbullying e sexting. 88% dos casos relatam ainda situações como ignorar, fazer piadas agressivas, humilhações em público e mentir ou provocar ciúmes.
A psicóloga Rute Agulhas defende “um trabalho mais aprofundado com estes jovens, mais numa perspetiva de treinar com eles competências, da tolerância à frustração, controlo das emoções, gerir a impulsividade e gerir conflitos de forma assertiva” e sublinha a importância de uma abordagem sistemática que envolva não só os jovens, mas também as famílias e as comunidades.
Ricardo Barroso destaca que, apesar de várias campanhas de intervenção, os dados sobre violência interpessoal têm se mantido estáveis ao longo dos anos.
“Verificámos que são dados que se mantêm constantes ao longo dos anos e embora em termos sociais se valorize mais o facto de existir violência física, uma prevalência tão elevada de violência psicológica é algo que nos preocupa, uma vez que esta tende a estar na base do sofrimento psicológico elevado dos adolescentes”, refere.