Doença dos “veados zombies” registada em Yellowstone pela primeira vez

O Parque Nacional de Yellowstone confirmou o seu primeiro caso documentado de doença emaciante crónica dos cervídeos na carcaça de um veado-mula.

Também conhecida por “doença dos veados zombies“, esta condição provoca a degeneração do cérebro dos cervídeos, sendo 100% fatal. Até ao momento, não existe vacina ou tratamento conhecido e os biólogos não dispõem de “nenhuma estratégia eficaz para a erradicar”.

A doença emaciante crónica (chronic wasting disease, CWD, em inglês) foi detetada, pela primeira vez, num veado em cativeiro num centro de investigação do Colorado no final dos anos 60 e encontrada em veados selvagens em 1981.

Desde então, espalhou-se por pelo menos 31 estados dos Estados Unidos, tendo sido também registada na Noruega, Suécia, Finlândia, Canadá e Coreia do Sul.

Segundo a Smithsonian Magazine, Yellowstone estima que cerca de 10 a 15% dos veados-mula perto de Cody, Wyoming, que migram para o parque durante o verão, têm esta doença. Dan Vermillion, ex-comissário da Montana Fish, Wildlife and Parks, referiu ao Mountain Journal que era “apenas uma questão de tempo” até que a doença fosse detetada no parque.

O veado que testou positivo foi apanhado perto de Cody e equipado com uma coleira GPS em março, como parte de um estudo populacional. Quando o animal deixou de se mover durante mais de seis horas, em outubro, os biólogos receberam um e-mail alertando-os de que poderia ter morrido.

Recentemente, os especialistas recuperaram a carcaça do animal e notavaram que estava “muito magro”. “Não parecia ter sido atacado. Era bastante óbvio que tinha sucumbido à doença debilitante crónica.”

Os cientistas acreditam que a doença emaciante crónica é causada por proteínas mal formadas, conhecidas por priões. Nesta doença, os priões acumulam-se no cérebro e noutros tecidos e propagam-se através dos fluidos corporais, quer por contacto direto entre narizes, quer por contaminação ambiental indireta.

Nas fases finais da doença, os animais podem apresentar sintomas como baba, orelhas caídas, falta de coordenação, apatia, emagrecimento e ausência de medo perante seres humanos.

A doença tem um longo período de incubação, de cerca de 18 a 24 meses, pelo que “a maioria dos animais positivos que são apanhados parecem completamente normais e saudáveis”, indicou o Wyoming Game and Fish Department.

Até ao momento, os investigadores não encontraram provas sólidas de que a doença dos veados zombies possa ser transmitida aos seres humanos.

Como precaução, os Centros de Controlo e Prevenção de Doenças recomendam que se evite consumir carne que tenha dado positivo para a CWD e sugerem que os caçadores tomem precauções como testar os animais das áreas infetadas, manterem-se afastados de animais com sintomas visíveis e usar luvas de látex quando se trata do animal ou se manuseia a carne.

Yellowstone planeia agora aumentar a vigilância e intensificar a investigação de carcaças e a recolha de amostras para análise.

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