Um documento interno distribuído no seio da administração de Donald Trump associa o Tratado de Comércio Livre da América do Norte (NAFTA na sigla em Inglês) à violência doméstica contra as mulheres, ao aumento do consumo de drogas e do crime, ao divórcio e à infertilidade.
O documento a que o The Washington Post teve acesso foi distribuído internamente pelo director do Gabinete de Comércio da Casa Branca, Peter Navarro, um dos conselheiros de Donald Trump.
O jornal nota que o documento foi distribuído no âmbito da difícil renegociação dos termos do NAFTA, acordo comercial que envolve EUA, Canadá e México.
A ideia marcante do documento é que debilitar o sector de produção industrial dos EUA acarretaria um desastre social para o país, com aumento da mortalidade e do consumo de drogas, mais divórcios, abortos e crimes, crescimento da pobreza infantil e da violência contra as mulheres, e um incremento na infertilidade, entre outros problemas.
O The Washington Post salienta que o documento não apresenta “quaisquer dados ou informações que suportem as asserções” referidas, sendo um exemplo paradigmático “dos materiais que a administração Trump analisou enquanto elaborava a sua política comercial”.
Recentemente, os EUA ameaçaram abandonar unilateralmente o acordo de comércio livre assinado com a Coreia do Sul.
E a renegociação do NAFTA está complicada desde que Trump chegou à Casa Branca – o presidente dos EUA chegou a falar deste como “o pior acordo de sempre”.
Peter Navarro, um professor de economia visto como radical e polémico, é declaradamente contra o NAFTA e terá já recomendado a Trump que o caminho é a aposta em “acordos de comércio bilaterais”, conforme avança o The Washington Post.
Assim, após 23 anos de um acordo de comércio livre que movimenta mais de 1 bilião de dólares por ano, há receios de que Trump possa “rasgar” o NAFTA, como fez com o pacto do clima, no âmbito das alterações climáticas.
A saída dos EUA do NAFTA seria terrível para a economia do México, mas Trump reforçaria ainda mais a sua posição de defensor dos interesses norte-americanos, uma preocupação que o move já a pensar num segundo mandato.