O Disco de Nebra é um dos mais famosos artefactos arqueológicos da Alemanha. No entanto, afinal, pode não ser uma representação do céu – como se pensava.
Descoberto por dois saqueadores em 1999, o Disco de Nebra foi desenvolvido por humanos pré-históricos que embutiram em uma pátina azul-esverdeada símbolos de ouro que representam a Lua, o Sol, as estrelas e talvez até a Via Láctea. O Museu Estadual de Pré-história em Halle, Saale, assumiu a propriedade do disco em 2002 e, desde então, tem havido um grande debate sobre a sua verdadeira idade.
O artefacto em si não pode ser datado e a forma como o disco foi encontrado é pouco clara: os saqueadores afirmam que encontraram o Disco de Nebra juntamente com espadas, machados e braceletes datados da Idade do Bronze, aproximadamente entre 2200 e 1600 a.C.
Se assim for, o disco seria a representação concreta mais antiga conhecida do céu noturno.
Porém, dois investigadores não acreditam nesta datação, dizendo que não foi encontrado nenhum objeto da Idade do Bronze como o Disco de Nebra. A dupla sugere que o Disco do Nebra data da Idade do Ferro, tornando-o cerca de 1.000 anos mais jovem do que se pensava.
Segundo os arqueólogos, a história dos saqueadores sobre a forma como encontraram o disco não corresponde ao que pode ser reconstruído a partir do próprio artefacto.
Os cientistas também compararam os metais do disco com os de outros objetos encontrados no mesmo local. Muitas vezes, há evidências de que todos os objetos num mesmo tesouro foram feitos a partir de matéria-prima colhida no mesmo lugar. Porém, não encontraram semelhanças. Os artefactos foram obtidos de material espalhado pelos Alpes Orientais.
“Na nossa opinião, os resultados obtidos mostram que as descobertas não pertencem uns aos outros”, disse Rüdiger Krause, especialista em análises de metais, em comunicado.
Este trabalho é duramente rejeitado pelo Escritório Estadual de Arqueologia da Saxónia-Anhalt, região onde o disco foi encontrado.
“Os colegas não só ignoram a abundância de resultados de pesquisas publicadas nos últimos anos, os seus vários argumentos também são facilmente refutados. Em particular, a correlação do Disco de Nebra com as outras descobertas do tesouro, cuja Idade do Bronze não está em questão, é colocada em dúvida. As alegações são de que as ligações de solo no Disco de Nebra não correspondem às das outras descobertas e que as análises geoquímicas dos metais não sustentam a sua coerência. Ambas as declarações estão comprovadamente incorretas“, lê-se no comunicado.
Embora a equipa diga que as representações do disco estão mais próximas de artefactos encontrados no século 5 a.C, como a espada de Allach, de Munique, não têm dúvidas de que o disco é autenticamente pré-histórico, único e de imenso valor científico.
Este estudo foi publicado na revista científica Archäologische Informationen.