Os professores portugueses são maioritariamente mulheres, com uma média de 20 anos de experiência e com formação em educação, mas a cadeira do diretor continua a ser ocupada maioritariamente por homens, revela um estudo da OCDE.
Os dados constam do inquérito TALIS 2013 (Teaching and Learning International Survey) da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), divulgado esta quarta-feira, e indicam que 73,2% dos professores em Portugal são mulheres, acima dos 68,1% de média dos mais de 30 países envolvidos no estudo.
Os docentes portugueses são em média dois anos mais velhos que os colegas da OCDE (44,7 anos de idade média contra 42,9) e têm 19,4 anos de experiência profissional, mais do que os 16,2 de média do TALIS 2013.
82,1% dos docentes portugueses completou formação em educação, abaixo dos 89,8% da média da OCDE.
O TALIS 2013 indica ainda que as 40 horas de trabalho semanais dos professores se dividem em 21 horas de aulas, 9 de preparação de aulas e 10 de correção de trabalhos dos alunos.
Nestas três componentes Portugal está sempre acima da média da OCDE, mas é no tempo despendido a corrigir trabalhos que os professores portugueses mais se afastam da média dos 30 países, que se fixa nas 5 horas semanais para este tipo de trabalho.
Quanto à utilização do tempo de duração das aulas os professores portugueses afirmam que 25% se perde em tarefas administrativas, como a contabilização e registo de presenças, e a manter a ordem dentro da sala. Sobra 75% do tempo de aula para efetivamente lecionar, o que não representa uma realidade muito distante dos restantes países envolvidos no estudo, uma vez que a média 78,7% do tempo de aula dedicado ao ensino.
Professores portugueses sentem-se desvalorizados pela sociedade
A maioria dos professores portugueses acredita na qualidade do seu trabalho, mas apenas 10,5% dos inquiridos entende que a profissão é valorizada pela sociedade.
No geral, os professores portugueses não aparentam também ter dúvidas quanto à qualidade do trabalho que desenvolvem: 99% acredita que está a ajudar os seus alunos a valorizar a aprendizagem (contra uma média de 80,7% da OCDE), e 97,5% acredita que está a ajudar a desenvolver o pensamento crítico dos alunos (80,3% média da OCDE).
Os números apontam para um sentimento de desvalorização profissional entre a classe docente, quando comparada com a média dos mais de 30 países envolvidos no estudo, que indica que apenas 30,9% dos inquiridos acredita que a profissão docente é valorizada pela sociedade.
Apesar da perceção relativamente ao reconhecimento social do seu trabalho, os professores portugueses (94,1%) declaram-se satisfeitos com o seu trabalho, ficando mesmo acima da média de 91,1% da OCDE.
Entre os diretores portugueses há um sentimento relativo ao reconhecimento social da profissão docente semelhante ao dos professores, com apenas 30,4% a acreditar que são valorizados pela sociedade (44% média da OCDE).
No entanto, a quase totalidade dos diretores portugueses (98,1%) revela-se satisfeita com o seu trabalho, ficando acima da média de 95,6% da OCDE.
No que diz respeito aos diretores escolares a tendência média é para uma divisão quase igualitária entre géneros na atribuição da cadeira de diretor, com 49,4% de diretoras. Portugal fica dez pontos percentuais abaixo, nos 39,4%.
A idade média dos diretores escolares em Portugal ronda os 52 anos, ligeiramente acima dos 51,5 anos médios da OCDE.
Os diretores portugueses têm, em média, menos anos de experiência profissional (6,6) do que os colegas abrangidos pelo TALIS 2013 (8,9).
/Lusa