A via diplomática acalmou os ânimos, mas tanto Biden como Putin deixaram recados sobre a NATO e a Ucrânia

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Denis Balibouse / AFP

Joe Biden, Presidente dos Estados Unidos, e Vladimir Putin, Presidente da Rússia

Ambos os líderes políticos saudaram o avanço conseguido pela via diplomática, mas houve avisos dos dois lados – se Washington promete responder a uma  invasão à Ucrânia, Moscovo diz que impor mais sanções seria um grande erro.

O Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, alertou hoje o homólogo russo, durante uma conversa telefónica, que Washington responderá “determinadamente” a qualquer invasão da Ucrânia pela Rússia, enquanto Vladimir Putin frisou que sanções contra Moscovo serão um “erro colossal”.

A conversa surgiu depois da tensão entre a NATO e a Rússia ter subido nos últimos dias com o aumento da presença das tropas russas junto à fronteira com a Ucrânia a causar receios de que uma guerra está iminente, especialmente ainda na ressaca da anexação da Crimeia por Moscovo em 2014, um conflito que já causou mais de 13 mil mortos, e das declarações públicas de Putin no passado, em que defendeu que os russos e os ucranianos são o mesmo povo.

As forças ocidentais exigem a retirada do exército russo, com Kiev a afirmar que cerca de 100 mil soldados estão a fazer treinos militares junto à sua fronteira. Moscovo já desmobilizou 10 mil e nega ter qualquer intenção de invadir a Ucrânia, afirmando que tem o direito de fazer treinos onde quiser no seu território.

Putin também fez várias exigências para que os ânimos se acalmem e quer que a NATO se comprometa a nunca integrar a Ucrânia, que nos últimos anos se tem aproximado do Ocidente e tentado entrar na aliança atlântica.

A Rússia quer também que as tropas da NATO saiam de todos os países da antiga União Soviética, falando de uma promessa dada a Gorbatchov de que os estados da URSS não iam entrar da NATO e de uma ameaça à segurança russa.

Já os Estados Unidos respondem que a Rússia não tem legitimidade para determinar a política externa e militar de países que são agora independentes.

Tanto Putin como Biden decidiram apostar na via diplomática para resolver o conflito, com o líder russo a sugerir que os dois conversassem por telefone. A chamada durou cerca de 50 minutos e foi a segunda reunião virtual entre os dois nas últimas semanas. As delegações dos dois países têm também um encontro marcado para 10 de Janeiro, em Genebra.

De acordo com a Casa Branca, Biden “deixou claro que os EUA e os seus aliados e parceiros vão responder de forma decisiva caso a Rússia invada a Ucrânia”, mas sublinhou o “progresso substantivo” alcançado que só pode ser conseguido “num ambiente de apaziguamento”.

Já Vladimir Putin ficou “satisfeito” com a conversa “franca” e “objectiva” com Joe Biden e acredita que produtiva para a criação de “uma boa atmosfera” entre os dois países, marcada para o próximo mês.

No entanto, o Kremlin avisa que a imposição de mais sanções seria um “erro colossal” que pode levar à “quebra total” das relações diplomáticas entre as duas potências.

Adriana Peixoto, ZAP //

2 Comments

  1. Sim, voltou-se à diplomacia, mas apenas por causa do ultimato russo aos EUA e à NATO. É lamentável que tanto os EUA como a Europa só saibam funcionar sob ameaça. Durante anos arrogantemente ameaçaram a Rússia sob os pretextos mais idiotas, e só agora, quando a Rússia mostrou os dentes é que descobriram essa coisa chamada diplomacia. Há de facto uma ameaça à paz no mundo, mas ela não vem nem da Rússia, nem da China. Vem dos EUA. Mas muitos de nós, estupidamente, ainda não perceberam isso.

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