Dinamarca equaciona acabar com o plano de vacinação contra a covid-19 nos próximos meses

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Copenhaga, na Dinamarca

País tem registado números baixos nos internamentos e óbitos motivados pela covid-19, mas novas infeções diárias teimam em não baixar.

Depois de ser um dos primeiros países europeus a sofrer um crescimento significativo de casos por consequência da maior transmissibilidade da variante Ómicron, a Dinamarca está a preparar uma grande inversão na sua estratégia de combate à pandemia da covid-19, a qual não passará pelo fim das restrições à circulação ou à entrada em espaços sem máscara, mas sim pelo término do programa de vacinação, num curto prazo. Tal plano, a concretizar-se, fará do país o primeiro no mundo a assumir que a sua atual taxa de vacinação é suficiente para “viver com o vírus“.

Esta medida foi anunciada, segundo o Observador, no mesmo dia em que o governo anunciou o termo de outras regras. “O Conselho Nacional de Saúde acompanhará de perto a evolução da epidemia nas próximas semanas, e esperamos poder anunciar as datas de encerramento do programa de vacinação no final de fevereiro”, pode ler-se no comunicado emitido pelo Governo. A Dinamarca tem atualmente 80,9% da população imunizada, um número que dá segurança aos seus governantes para afirmarem que é tempo de retomar a normalidade. “Na Dinamarca, temos um nível muito alto de vacinação”, explicou o Governo.

Para além das inoculações, os governantes tentam publicitar o número de internados e de óbitos no país – no que respeita aos casos, estão oito vezes mais elevados do que há dois meses. Flemming Konradsen, diretor da Escola de Saúde Global da Universidade de Copenhaga, afirmou à Folha de São Paulo que também o sistema educativo do país tem pressionado para que o regresso à normalidade aconteça.

“Há uma preocupação séria com toda uma geração que está a perder oportunidades”, afirmou, para ajudar a explicar a suspensão das medidas. “Precisamos de monitorizar novas variantes, investir na proteção dos mais vulneráveis, expandir o nosso sistema de saúde e aprimorar. Temos que entender que esse vírus estará connosco para sempre e o preço a pagar por não aprender a viver com o vírus é muito alto, especialmente para os mais jovens, que não podiam ir à escola, além das consequências para a saúde mental.”

Ainda assim, o especialista não vê que a fórmula se possa aplicar rapidamente a outros países, pelo menos enquanto o número de imunizados não o permitir. “Em cada país o cenário é muito diferente e a experiência dinamarquesa não pode ser replicada num país com uma cobertura vacinal baixa, porque, nesse caso, o preço seria muito alto em termos de mortalidade.”

Atualmente, a Dinamarca tem 33 pacientes internados em cuidados intensivos e o número de óbitos por consequência da covid-19 tem vindo a diminuir. No entanto, esta tendência decrescente ainda não chegou às infeções, que continuam a bater sucessivos recordes. Ainda segundo o Observador, depois de quase dois anos a registar médias de 3.500 novos casos por dia, o país está agora com uma média diária de 40 mil novos infetados.

ZAP //

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