Já sabemos como se formaram as deslumbrantes paisagens de Titã

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NASA

O processo é semelhante ao que acontece aos sedimentos de oólitos na Terra. Titã é uma lua de Saturno e um dos melhores candidatos ao futuro acolhimento de humanos dentro do Sistema Solar.

Para além da Terra e de Marte, a lua de Saturno Titã é o único corpo planetário no Sistema Solar que tem provas de ter ambientes sedimentares diversos, como rios, lagos, dunas ou deltas e é um vista como um dos melhores potenciais habitats.

A distribuição latitudinal destes ambientes na Titã, com as dunas no equador, planícies nas latitudes médias e lagos perto dos polos, sugere que há processos rigorosos que controlam o clima na lua de Saturno.

Em Titã, os sedimentos são provavelmente compostas por grãos moles de hidrocarbonatos, que se desfazem-se rapidamente em pó. No entanto, a lua tem dunas ativas há centenas de milhares de anos.

Um novo estudo publicado na Geophysical Research Letters propõe uma teoria sobre como esta geografia peculiar de Titã se pode ter formado e identifica um processo que permite que os sedimentos formem grãos de areia dependendo da frequência sazonal dos ventos e das correntes de água.

“Se entendermos como as diferentes peças do puzzle se encaixam e a sua mecânica, então podemos começar pelos relevos deixados para trás pelos processos sedimentares para dizermos algo sobre o clima ou a história geológica de Titã — e como podem afetar as prospeções da vida“, revela o geólogo Mathieu Lapôtre.

Na Terra, os minerais das rochas sofrem com a erosão causada pelo vento e pelas correntes e transformam-se em sedimentos soltos. Em Titã, um processo semelhante pode ter formado as dunas, mas com um detalhe diferente — nesta lua, os sedimentos consistem em compostos orgânicos sólidos.

Os cientistas não sabiam como é que estes compostos se transformaram em grãos de sedimentos que possam ser transportados pelas paisagens de Titã ao longo dos períodos geológicos.

Até agora. A equipa descobriu a resposta ao observar os sedimentos terrestres conhecidos como oólitos — pequenos grãos esféricos encontrados zonas do mar tropicais com pouca profundidade, como nas Bahamas.

Os oólitos formam-se quando o carbonato de cálcio é retirado da coluna de água e se prende em camadas em torno de um grão, como o quartzo, revela o Tech Explorist.

O que torna os oólitos únicos é a sua formação através da precipitação química, que lhes permite crescer, ao mesmo tempo que o processo de erosão abranda o seu crescimento, com os grãos a serem esmagados uns contra os outros pelas ondas.

Estes dois mecanismos acabam por se equilibrar, permitindo que os grãos tenham um tamanho constante — e a mesma coisa pode estar a acontecer em Titã.

Os autores antecipam ainda que o transporte de sedimentos seja mais calmo nas latitudes médias de cada lado do equador, o que permite que haja mais planícies nestas regiões.

ZAP //

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