Depois de terem descoberto defeitos e inserções dentro de diamantes extraídos das zonas mais profundas da Terra, uma equipa de cientistas acredita que o líquido presente no manto terrestre pode explicar os terramotos profundos.
Além dos sismos sentidos na superfície da Terra, o nosso planeta é palco de terramotos profundos, na zona de transição entre as camadas inferior e superior do manto terrestre.
Os cientistas pensam que o líquido no manto desempenha um papel importante neste fenómeno, ainda que não tenham encontrado qualquer prova inequívoca da existência desse líquido nas profundezas do manto.
No entanto, esta teoria ganhou força depois de uma equipa de cientistas ter encontrado indícios da presença do tal líquido num local improvável: dentro de diamantes retirados de camadas entre 600 e 800 quilómetros de profundidade.
A maioria dos diamantes cristaliza a profundidades entre os 140 e os 200 quilómetros de profundidade, mas os diamantes super-profundos podem ser encontrados até 800 quilómetros abaixo da superfície. Dentro destes diamantes existem pequenas falhas, ou inclusões, feitas por fluídos – e são essas falhas que, segundo os cientistas, revelam que é provável que o líquido flua nas camadas do manto onde se formaram os diamantes.
Steven Shirey, geoquímico da Carnegie Institution for Science em Stanford, no estado norte-americano da California, explicou ao Live Science que a localização e o movimento dos fluídos podem ser a chave para entender um dos mistérios do nosso planeta – o fenómeno dos terramotos profundos.
A equipa de cientistas apresentou uma nova pesquisa, no dia 10 de dezembro num encontro promovido pela União Geofísica Americana (AGU), que revela um modelo do movimento líquido nas profundezas da Terra, onde se formam este tipo de diamantes.
Ao criar estes modelos, os cientistas esperam ligar os pontos entre o movimento do fluido no manto profundo, a formação de diamantes “e as propriedades de rutura física das rochas naquela região” da zona de transição do manto.
“[Terremotos profundos são] uma manifestação muito interessante das placas tectónicas”, disse o investigador. Além disso, o movimento do líquido poderia estar correlacionado com o comportamento das placas tectónicas.