Diagnóstico precoce de Parkinson é possível com exame ocular simples

Foi desenvolvido um método simples e não invasivo para diagnosticar precocemente a doença de Parkinson, através de um exame ocular. Com isto, o tratamento para atrasar a doença pode começar mais cedo ou ser usado para monitorizar a sua progressão.

No Parkinson, o diagnóstico precoce significa intervir para prevenir ou reduzir o curso destrutivo da doença.

No entanto, a maioria dos diagnósticos de Parkinson é feita apenas após o aparecimento dos sintomas.

Agora, investigadores da Université Laval e o CERVO Brain Research Center, ambos no Canadá, desenvolveram um método para diagnosticar precocemente a doença de Parkinson usando um exame ocular simples e não invasivo.

“Quando os sintomas aparecem, a doença já está presente há vários anos e os neurónios afetados já estão envolvidos num processo degenerativo irreversível”, disse, em comunicado, o autor correspondente do estudo, Martin Lévesque.

É por isso que é crucial encontrar biomarcadores que detetem a doença de Parkinson numa fase inicial. “Uma resposta incomum da retina a estímulos luminosos pode ser indicativa de uma patologia que afeta o cérebro”, explicou o especialista.

Esta conclusão é apresentada na edição de maio da Neurobiology of Disease.

Eletrorretinografia é chave no diagnóstico

Nos últimos anos, as deficiências visuais decorrentes da disfunção da retina têm ganhado atenção como potenciais indicadores da Parkinson.

A eletrorretinografia (ERG) é uma técnica utilizada para avaliar a atividade elétrica da retina – o tecido sensível à luz na parte posterior do olho -, em resposta à estimulação luminosa. Como explica a New Atlas, um dispositivo emite flashes ou padrões de luz para o olho, e elétrodos colocados no olho e ao seu redor medem as respostas elétricas geradas por diferentes tipos de células da retina para fornecer informações sobre o seu funcionamento.

A ERG já tinha sido utilizada para revelar alterações subtis na retina que se correlacionam com perturbações psiquiátricas, como esquizofrenia, perturbação bipolar e depressão Agora, os investigadores formularam a hipótese de que deficiências distintas na ERG poderiam servir também como indicadores precoces da doença de Parkinson.

A idade média do diagnóstico de Parkinson é 65 anos. Os investigadores esperam que este teste simples e não invasivo possa ser utilizado para iniciar o diagnóstico precoce da doença. “Dever-se-ia oferecer um exame funcional da retina a partir dos 50 anos”, recomendou Lévesque.

“Ao detetar a doença precocemente, poderíamos oferecer intervenções que previnem a degeneração dos neurónios envolvidos na doença de Parkinson. Esta abordagem também poderia ser utilizada para monitorizar a progressão da doença, bem como a eficácia das intervenções oferecidas aos pacientes”, acrescentou o especialista.

ZAP //

Deixe o seu comentário

Your email address will not be published.