Dia sem carros? Em Portugal, tudo igual (mas vêm aí 200 milhões para andar a pé)

3

A ideia é encorajar os condutores a deixar o carro em casa. Mas uma análise rápida mostra o contrário. Vai haver incentivo de 200 milhões.

22 de Setembro é o Dia Europeu sem Carros, uma iniciativa anual que começou em França em 1998. Foi adoptada dois anos depois pela União Europeia.

Ao longo deste dia e da Semana Europeia da Mobilidade, a intenção é promover a qualidade de vida e a protecção dos recursos naturais, sugerindo a adopção de meios de transporte menos poluentes nas cidades, lê-se no Eurocid, do portal do Ministério dos Negócios Estrangeiros de Portugal.

No fundo, os condutores europeus são encorajados a deixar o carro em casa, pelo menos neste dia, movimentando-se através de transportes públicos, bicicleta, trotinete. Ou a pé.

A associação ambientalista Zero indicou que um estudo europeu, da Campanha Cidades Limpas, revela 62% das pessoas em cidades europeias apoiam a ideia de um dia por semana sem carros. Esta medida iria poupar 3% a 5% de todo o consumo de gasóleo e gasolina em meio urbano na Europa.

Mas, tal como noutros anos, não foi isso que aconteceu no início desta manhã em Portugal. Pelo menos nas duas principais cidades.

O ZAP captou momentos do trânsito verificado em algumas zonas do Porto, apresentados na galeria acima, e o número de carros e as filas estavam iguais a qualquer outro dia.

Na capital Lisboa as câmaras de vigilância demonstravam que o cenário era semelhante, acentuado por um acidente na zona do Lumiar, no Eixo Norte-Sul.

Tal como a própria Zero admitiu na RTP, o carro tem uma “quota muito alta, demasiado alta” nos transportes diários em Portugal.

200 milhões para andar a pé

Para tentar mudar esse cenário, o Governo vai apresentar incentivos para a mobilidade pedonal, num total de 200 milhões de euros.

A ideia é que, até 2030, 35% dos portugueses se desloquem a pé para a escola e para o trabalho, disse ao jornal Correio da Manhã o ministro do Ambiente e da Ação climática, Duarte Cordeiro.

Entre as 20 medidas do novo plano, estão propostas municipais para a criação de Planos de Mobilidade Urbana Sustentável, incentivos fiscais, programas de consciencialização da população, criação e requalificação de infraestruturas destinadas aos peões e incentivos e eliminação de barreiras para pessoas com mobilidade reduzida.

Nuno Teixeira da Silva, ZAP //

3 Comments

  1. E quem não sabe andar de bicicleta? E os idosos, doentes, deficientes? E os dias de frio, chuva, calor? E as compras do supermercado? E as distâncias entre o local de trabalho e a residência, que por vezes distam dezenas de kms?
    O automóvel é o último reduto da nossa liberdade. Vamos onde queremos, quando queremos, com quem queremos, transportanto o que nos apetece, sem “deixar rasto” ao contrário das plataformas (Uber & Cia.)

Deixe o seu comentário

Your email address will not be published.