Sinal de alerta na indústria: 1.000 despedimentos numa semana – só no Vale do Ave

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(dr) Polopiqué

Outros 1.000 trabalhadores estão em risco. Há trabalhadores da Polopiqué a passar fome. É “a maior fuga fiscal do século XXI”.

“Está a ser muito pior do que nos últimos anos”, avisa Francisco Vieira, coordenador do Sindicato Têxtil do Minho e de Trás-os-Montes.

O início de Setembro já costuma ser sinónimo de despedimentos na indústria. Mas Setembro de 2025 foi pior do que o costume.

O Jornal de Notícias destaca que, só na primeira semana deste mês, foram despedidas cerca de 1.000 pessoas – só no Vale do Ave.

Em causa estão despedimentos colectivos no têxtil e no calçado, com destaque para a Polopiqué (Santo Tirso), que vai fechar as fábricas em Guimarães e em Vizela, despedindo 280 trabalhadores. Outras unidades vão ser reestruturadas e podem sair no total 400 trabalhadores.

Há trabalhadores da Polopiqué a passar fome. Foram para a porta da empresa pedir comida, na semana passada.

A StampDyeing (Ponte, Guimarães) despediu cerca de 100 pessoas, também no início de Setembro. Também em Guimarães, a Darita (São Torcato) despediu 70 pessoas e a Bravisublime (São Lourenço do Selho) enviou para casa 42 trabalhadores.

E ainda há outros cerca de 1.000 trabalhadores em risco, devido às 17 empresas em situação de insolvência – tudo no tribunal de Guimarães. A JF Almeida, que tem 800 trabalhadores, apresentou insolvência mas garante que não vai despedir ninguém.

A Somelos – com 900 trabalhadores – está atrasada no pagamento dos salários, a Tearfil (250 pessoas) também não está a pagar devidamente.

Os presidentes da Câmara Municipal de Guimarães e da Câmara Municipal de Vizela já pedem ajuda ao Governo. É uma situação de “debilidade que está a atravessar a indústria têxtil e do calçado”, alerta Domingos Bragança, presidente da Câmara de Guimarães.

Entre os distritos Aveiro e Braga, pelo menos 150 pessoas foram despedidas só nos últimos dias.

Porquê?

As empresas encontram um culpado principal para esta situação: os produtos asiáticos importados, contrafeitos e sem pagar impostos.

Plataformas como Shein e Temu vendem muita roupa, e em muitos casos é material contrafeito.

“A culpa é da forma como a Europa desbaratou o mercado e permitiu a maior fuga fiscal do século XXI“, aponta César Araújo, presidente da ANIVEC – Associação Nacional das Indústrias de Vestuário e de Confeção, queixando-se sobretudo do facto de bens até 150 euros não pagarem tarifas alfandegárias.

“As lojas estão a encerrar, o pequeno comércio está a fechar, e agora essas plataformas online copiam tudo, fazem contrafacção. Isto é crime sobre crime. Estamos numa fuga fiscal e estamos a piratear, estamo-nos a transformar num Estado criminoso”, continua César Araújo.

Mas o presidente da ANIVEC acredita que o sector “tem capacidade” para absorver os trabalhadores que têm sido despedidos neste mês.

Ricardo Silva, presidente da Associação Têxtil e Vestuário de Portugal, disse na TSF que o sector deverá melhorar a médio prazo – mas admite mais encerramentos de empresas nos próximos meses.

ZAP //

6 Comments

  1. Continuem a comprar roupa fabricada na Ásia e qualquer dia indústria têxtil portuguesa será uma memória.
    Sim, estou a falar para ti que estás a ler isto.

      • e o que não é asiático esta a ser feito e Marrocos, onde a Polopiqué por exemplo esta a deslocalizar a produção na parte de confecção , isso os sindicatos e jornalistas não dizem

  2. As empresas encontram um culpado principal para esta situação: os produtos asiáticos importados, contrafeitos e sem pagar impostos.

    Absoluta verdade, mas os politicos incompetentes não querem saber

    • As empresas cumpridoras e responsáveis sao as mais castigadas pelas políticas da europa sobre produtos importados sem supervisão…o dropship é a pior coisa que apareceu no mercado e criou varias micro empresas de produtos não complacentes com as normas europeias ou portuguesas sem garantias e qualidade e pagamento de impostos já que muitas destas empresas não passam uma única factura….
      O mercado capitalista só pode funcionar num mercado justo,… criar empresas na europa e importar 90% do produto na china ou india a preços impossíveis de competir e explorar essas pessoas e depois meter uma etiqueta a dizer made in europa é corrupção!

      As empresas devem inovar e crescer através de boas praticas e desenvolvimento da tecnologia, não atraves de salarios baixos e importação de produtos e materia prima de paises de terceiro mundo sem qualquer tipo de controlo.

  3. Dois problemas, o capitalismo só funciona num mercado justo, enquanto os chinocas indianos e outros continuarem a destruir o mercado com produtos baratos sem qualidade e através da miséria do povo a Europa não têm hipótese.. pior a Europa permite isto como se fosse normal,, alias as empresas europeias sao severamente castigadas para cumprir metas ambientais…enquanto isso nesses paises de mao de obra barata as políticas ambientais sao zero! A Europa sabe disto e fecha os olhos…as empresas europeias exploram isto para obter lucros maiores e fazer de conta que lutam por condições melhores…

    Depois o povo nao quer saber de onde o produto vem! Nem quem o fabrica.. as calças que usa até podem ser fabricadas por uma criança qualquer na india…

    Enquanto a Europa nao parar com politicas woke e comunismo para o povo e capitalismo e corrupção para os ricos isto so vai piorar..

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