Despedimentos coletivos registam maior número desde o tempo da Troika (e vai piorar)

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(dr) Coindu

Num ano, o salto foi de quase 40%. 2024 já superou a pandemia nesta matéria, e o futuro não sorri para os portugueses. Os problemas agravam-se para a indústria transformadora e o comércio. E as mulheres.

Dados oficiais da Direção-Geral do Emprego e das Relações de Trabalho (DGERT), tutela do Ministério do Trabalho mostram um cenário desanimador nas empresas portuguesas: até outubro, tinham já sido alvo de despedimento coletivo mais 40% de pessoas do que no ano passado inteiro.

Mas, pior do que isso, comparando os primeiros 10 meses de 2024 com o período homólogo de 2023, o valor dos despedimentos coletivos disparou 82%, como aponta o DN.

Desde o início do ano até ao final de outubro, as empresas tiveram intenção de despedir 5.253 trabalhadores, tendo efetivamente despedido 4.959 pessoas.

Em 2020, pior ano desde os tempos da Troika, foram despedidos 7.513 empregados. No entanto, indica o DN, será fácil para Portugal atingir a marca dos 8.000, uma vez que têm existido vários encerramentos de fábricas por todo o país. Se assim for, 2024 vai superar o ano da Troika, 2013, e o ano da pandemia, 2020.

De acordo com a DGERT, 77% dos casos de despedimentos coletivos (315) foram originados em micro, pequenas e médias empresas (PME). Mais de metade dos despedidos são mulheres. A região de Lisboa e Vale do Tejo tem a maioria das ocorrências (213), seguida pelo norte do país, com 123.

Armindo Monteiro, presidente da Confederação Empresarial de Portugal (CIP) comentou com a Lusa os dados da DGERT. Diz que “o eixo franco-alemão está a dar sinais de fadiga“, referindo-se às crises políticas e, consequentemente, económicas que abalam os dois países. O cenário não é, portanto, muito animador para a economia portuguesa.

Os dois setores mais afetados pelos despedimentos coletivos serão a indústria transformadora, responsável por 27% dos despedimentos coletivos deste ano, e o comércio, que detém uma fatia de 23%. Em conjunto, estes dois setores concentram metade do número total de despedimentos coletivos.

Ainda em novembro, o encerramento da fabricante de componentes de carros Coindu, em Arcos de Valdevez, fez 350 desempregados. É só um dos vários exemplos de encerramento de fábricas este ano.

ZAP //

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