O seu corpo é um açucareiro. Saiba como reverter a diabetes sem medicamentos

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O consumo prolongado de açúcar ao longo dos anos faz com que o organismo produza grandes quantidades de insulina. A produção de demasiada insulina ao longo de décadas faz com que o corpo ganhe resistência à insulina — provocando a diabetes. Mas há formas de a controlar sem recorrer a medicamentos.

Imagine que o seu corpo é como um açucareiro. Quando nasce, o recipiente está vazio. À medida que cresce e consome açúcar e hidratos de carbono refinados, o açucareiro vai-se enchendo gradualmente.

É possível que chegue a um ponto em que o recipiente fique demasiado cheio e o açúcar transborde. É precisamente neste ponto que surge a diabetes.

Quando ingerimos açúcar, o corpo secreta uma hormona designada por insulina.

A insulina é responsável por transportar o açúcar da corrente sanguínea para todos as células, onde este servirá como fonte de energia. É como uma espécie de transportador.

Se ingerirmos mais açúcar do que aquele que precisamos para as nossas atividades diárias, este vai-se acumular no interior das células.

Ao longo do tempo, este acumular de açúcar nas células é responsável por desenvolver a diabetes, uma doença metabólica cuja incidência quadruplicou nos últimos 40 anos.

Isto acontece porque as células do nosso corpo têm um determinado limite de açúcar (também designado por glicose) que são capazes de armazenar.

Quando este limite é atingido, a insulina não consegue entregar a glicose nas células e, por consequência, esta acumula-se no sangue.

Ao nível de glicose na corrente sanguínea dá-se o nome de glicemia. Um nível de glicemia demasiado alto é o primeiro indicador da diabetes.

Existem dois tipos de diabetes – a diabetes tipo I e a diabetes tipo II.

A diabetes tipo I é uma doença autoimune onde as células do sistema imunológico atacam e destroem as células beta do pâncreas, responsáveis por produzir insulina. Como consequência, há uma diminuição de insulina no corpo, que por sua vez leva ao acumular de glicose no sangue.

A diabetes tipo II acontece quando o organismo não consegue produzir insulina suficiente para transportar o açúcar até às células. Está associada a fatores genéticos e de estilo de vida, como o excesso de peso, falta de atividade física e uma dieta desequilibrada.

Um consumo prolongado de açúcar ao longo dos anos faz com que o organismo produza grandes quantidades de insulina. A produção de demasiada insulina ao longo de décadas faz com que o corpo ganhe resistência à insulina.

Isto significa que, para entregar uma determinada quantidade de açúcar vamos precisar ainda de mais insulina. Este efeito acaba por ser acumulativo, ou seja, o nível de resistência vai aumentando ao longo do tempo e cada vez mais insulina vai ser necessária para restabelecer os níveis de glicemia.

Essencialmente existem duas estratégias para tratar a diabetes – a aplicação de injeções regulares de insulina; e a medicação com metformina.

Ambos produzem o mesmo efeito – reduzem os níveis de glicemia e “obrigam” o açúcar a entrar nas células. No entanto, isto não resolve o problema principal que é o excesso de açúcar no organismo. Por outras palavras, o açúcar não desaparece, simplesmente passa do sangue para as células. Mas continua a lá estar.

Sendo que a causa principal da diabetes é o excesso de glicose no sangue, a solução para a sua reversão parece óbvia – é necessário reduzir o consumo de açúcar pelo organismo.

Para tal, existem apenas duas soluções práticas – diminuir a quantidade de açúcar na alimentação e/ ou queimar o açúcar em excesso.

É importante reduzir substancialmente o açúcar refinado da dieta, uma vez que este não tem qualquer valor nutricional. Além disso, o açúcar é rapidamente absorvido pelo organismo, o que faz com que este precise de uma grande quantidade de insulina no imediato.

Quando consumimos açúcares refinados “obrigamos” o nosso corpo a ter um pico de insulina, que a longo prazo favorece a resistência.

Existem vários tipos de hidratos de carbono mais interessantes para a saúde, como por exemplo as fibras. Estas têm uma digestão longa, o que significa que a glicose vai sendo lentamente libertada para a corrente sanguínea. Como tal, não precisamos de um pico de insulina para responder às necessidades.

Uma dieta equilibrada e com quantidades ajustadas à necessidade é essencial. O mesmo pode acontecer ao nível das proteínas uma vez que o nosso organismo não consegue acumular proteína.

Por este motivo, quando ingerimos uma quantidade de proteína superior àquela que conseguimos processar, o organismo converte os aminoácidos em glicose, que armazena no fígado. Ou seja, comer demasiada proteína também aumenta o nível de glicose no corpo.

as gorduras têm um impacto muito reduzido nos níveis de glicemia e insulina. Os ácidos gordos monoinsaturados encontrados no azeite, abacate e amêndoas; ácidos gordos ricos em ômega 3 e 6 encontrados no peixe; e ácidos gordos saturados presente no óleo de coco e chocolate negro são conhecidas como “gorduras saudáveis” porque oferecem benefícios para a saúde cardiovascular e auxiliam na absorção de vitaminas lipossolúveis.

O exercício físico também é essencial para regular os níveis de glicose no sangue. Tanto o treino de resistência como o treino aeróbio oferecem benefícios para a diabetes tipo 2.

Ao praticar exercício estamos a aumentar a necessidade de energia nas células. E como as células vão buscar a energia à glicose, os níveis de glicemia baixam.

Manter uma rotina de exercício físico diário é crucial não só para a diabetes, mas também para preservar a saúde do sistema cardiovascular.

Patrícia Carvalho, ZAP //

4 Comments

  1. Se calhar também se poderia reduzir substancialmente qualquer consumo de hidratos de carbono, simples ou complexos…

    Cortar no arroz, pao, massas, batata e todo o tipo de farinhas de cereais talvez tenha um impacto substancial … se calhar até já há investigação nesse sentido…

  2. Estará a frutose incluida nesse açucareiro? Se estiver estou ferrado porque abuso da fruta , é a única forma de açucar que ingiro. Tenho 94 anos e a minha glicemia está sempre dentro dos 80/90 mas assim não sei até quando.

  3. Parabéns Sr. RPedrosa pelos seus 94 anos. Muito bem, também adora fruta e legumes. Todo o resto dispenso.

    Cumprimentos e que conte com mais uns 20.

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