Uma equipa de investigação descobriu uma forma de estimar o sexo de um esqueleto humano baseado nos vestígios de proteína deixados nos dentes.
Saber identificar o sexo de restos mortais humanos é importante para os arqueólogos que pretendem conhecer mais sobre as sociedades do passado. Investigadores conseguem medir características dos ossos que diferem machos de fêmeas, geralmente a pélvis.
Contudo, os esqueletos de crianças e adolescentes não mostram essas mudanças estruturais e, muitas vezes, são encontrados apenas alguns ossos nos locais onde os restos mortais se encontram.
A análise de ADN é relativamente cara e o ADN é bastante frágil em comparação com outras moléculas, explica Jelmer Eerkens, antropólogo da Universidade de Davis. Os dentes, por outro lado, preservam-se bem e são frequentemente encontrados em sítios arqueológicos. Um dente pode revelar muita coisa sobre a pessoa a quem pertencia, disse o investigador.
“Padrões de desgaste no dente podem informar sobre a dieta. A morfologia do dente pode revelar a ancestralidade – diferentes populações ao redor do mundo têm pequenas variações na forma dos dentes. Placas bacterianas podem informar sobre as bactérias na boca, incluindo bactérias patogénicas“, exemplificou Eerkens. “Podemos datar o dente com radio-carbono para saber quantos anos tem”, acrescentou.
O novo método, publicado a 9 de novembro na revista científica Journal of Archaeological Science, usa espectrometria de massa sensível para medir proteínas dos dentes.
As proteínas amelogeninas desempenham um papel importante na formação do esmalte dentário. Os genes das amelogeninas estão localizados nos cromossomas X e Y, que determinam o sexo biológico em humanos, embora a amelogenina não se relacione diretamente com a determinação biológica.
Análises de ADN para conhecer o sexo do cadáver, muitas vezes, dependem de se conseguir encontrar os genes da amelogenina X ou Y. As fêmeas terão amelogenina-X nos dentes, enquanto os machos terão as versões X e Y da proteína.
Julia Yip, uma das autores do estudo, analisou 40 amostras de esmalte de 25 indivíduos, incluindo dentes adultos e “dentes de leite” de crianças. As idades dos dentes variaram de 100 a 7.300 anos e foram recolhidos na América do Norte e no Peru. Simultaneamente, a investigadora analisou amostras de dentes modernos. No final, Yip encontrou vestígios de amelogenina-X em todas as amostras e amelogenina-Y em cerca de metade deles.
Um resultado positivo para amelogenina-Y significa que o dente deve ter vindo de um macho. Contudo, como a amelogenina-Y geralmente está em níveis mais baixos do que a amelogenina-X, um dente com teste negativo poderá ser um falso negativo. Para superar isto, os investigadores desenvolveram um método estatístico para calcular a probabilidade de tais falsos negativos, dada uma certa quantidade de amelogenina-X.
“Como o ADN, o método é quantitativo e não depende de treino anatómico. É mais barato de ser executado por amostra – que o ADN – e pode ser feito em condições não estéreis”, concluiu Glendon Parker, outro dos autores do trabalho.
De acordo com os resultados, este novo método não seria usado só por si, mas sim como complemento de outras técnicas já existentes.
ZAP // Phys