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Descobertos no Brasil os dois répteis estranhos que deram origem a todos os mamíferos

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(dr) Jorge Blanco

Impressão artística de Bonacynodon schultzi

Impressão artística de Bonacynodon schultzi

Um novo estudo descobriu dois répteis estranhos, semelhantes a mamíferos, que percorriam o Brasil cerca de 235 milhões de anos atrás, provavelmente a comer insetos capturados com os seus dentes pontiagudos.

Os animais pareciam ratos escamosos e eram cinodontes, um grupo que deu origem a todos os mamíferos vivos.

“Estes novos fósseis ajudam-nos a compreender com mais pormenor a evolução dos animais que deram origem ao grupo dos mamíferos, em que nós, seres humanos (Homo sapiens), estamos incluídos”, afirma o principal autor do estudo, Agustín Martinelli, paleontólogo da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, ao Live Science.

Os cinodontes são anteriores aos dinossauros, aparecendo pela primeira vez no registo fóssil cerca de 260 milhões de anos atrás, durante o período Pérmico.

Os seus descendentes incluem os marsupiais, mamíferos placentários e monotremados (que põem ovos em vez de dar à luz filhotes vivos), como o ornitorrinco.

No entanto, os primeiros cinodontes que viveram durante o final do Pérmico e o início do Triássico não eram mamíferos, mas sim répteis com crânios e mandíbulas parecidas com os dos mamíferos.

As duas espécies

Uma das espécies recém-descoberta estava a descansar na coleção do Museu de Ciências da Terra no Rio de Janeiro desde 1946, quando Llewellyn Ivor Price, paleontólogo brasileiro, encontrou dois crânios e duas mandíbulas datados de 237 milhões a 235 milhões de anos atrás, em Santa Cruz do Sul, no Rio Grande do Sul.

Esses espécimes pertencem a um pequeno animal de cerca de 30 centímetros de comprimento, com dentes superiores salientes e excecionalmente grandes, que sugerem que comia insetos.

A anatomia da criatura indica que esta faz parte de uma família extinta de cinodontes carnívoros, chamada Probainognathidae.

A espécie está provavelmente relacionada com a Probainognathus jenseni, mas é diferente o suficiente para justificar o seu próprio género e espécie: Bonacynodon schultzi.

O nome homenageia dois paleontólogos eminentes, José Bonaparte, da Argentina, e Cesar Schultz, do Brasil, que passaram as suas vidas a estudar os fósseis do Triássico da América do Sul.

A outra espécie, também descoberta no estado do Rio Grande do Sul, foi identificada com recurso a um número reduzido de restos – apenas uma mandíbula com dentes.

Os cientistas apelidaram-na de Santacruzgnathus abdalai, em homenagem a Fernando Abdala, um paleontólogo argentino que estuda cinodontes africanos e sul-americanos.

S. abdalai tinha cerca da metade do tamanho de B. schultzi, medindo apenas 15 centímetros de comprimento.

Ambos os cinodontes viveram milhões de anos antes do aparecimento daquele que é o primeiro mamífero conhecido: uma criatura que lembra um musaranho, habitando há 160 milhões de anos o que hoje é a China.

As descobertas foram descritas num estudo agora publicado na PLOS ONE.

HypeScience

2 Comments

  1. Correção: Sendo que estamos perante um artigo escrito em português de portugal, o período em questão denomina-se por Pérmico e não Permiano.

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